Descaso intolerável

Previsto em lei há 20 anos, o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira continua distante do cotidiano escolar

Mentalidade colonial. Nas escolas, os alunos negros continuam sendo alvo de preconceito e discriminação – Imagem: iStockphoto

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Há 20 anos, o Brasil dava um importante passo para tornar a escola mais acolhedora: a Lei 10.639, que tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio, públicos e privados. Passadas duas décadas, pouquíssimas escolas conseguiram, de fato, adaptar seus currículos e ir além de uma ou outra atividade recreativa em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra.

Educadores ponderam que uma lei dessa dimensão precisa de um tempo de maturação até ser assimilada pela sociedade. Mas cabe ao Estado trabalhar de forma perene e ativa, por meio de campanhas, produção de materiais didáticos, formação de professores e apoio às escolas, para a iniciativa vingar. Até o momento, nenhum livro didático se tornou referência sobre o tema, não pela ausência de intelectuais capacitados para explorar o assunto com crianças e adolescentes. O problema é a falta de financiamento para esses projetos e a inércia do Poder Público, mais uma expressão do racismo institucional, avaliam especialistas consultados por CartaCapital.

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2 comentários

José Carlos Gama 4 de abril de 2023 00h28
Creio que não seja só falta de recurso e sim racismo puro e simples das diretorias escolares que na sua maioria são indicações politicas de direita graças a uma estrutura de compradrio em detrimento de concursos. Com ou sem material pode-se trabalhar pela concientização da cultura Afro-braseileira o que não pode é por a culpa na materialidade e virar às costas para a espiratualidade da lei.
Rosa Carmina Couto 1 de abril de 2023 19h31
O Brasil é uma sociedade racista, legado de mais de 300 anos de escravidão e que não houve reparação e inclusão para os afro-descedentes. Precisamos combater o racismo através da educação, promover o ensino de História e Cultura Afro-brasileira é um caminho, assim como a política de cotas nas universidades, legalização de terras para os quilombolas além do combate a violência policial que atinge o povo preto, pobre e periférico. O Brasil precisa de mais equidade e diversidade somente assim seremos uma democracia.

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