Educação
Witzel ignora críticas da própria PM ao projeto de escolas cívico-militares
Orgãos da PM afirmam que, além de genérica, proposta usurpa responsabilidades da educação e dos profissionais do magistério
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O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, ignorou críticas feitas pela Polícia Militar ao projeto que prevê a criação de uma rede de escolas cívico-militares. Dois órgãos da corporação emitiram pareceres técnicos alegando que o projeto é genérico e usurpa atribuições da Secretaria de Educação e dos profissionais do magistério. Os documentos foram obtidos pelo UOL.
Dois órgãos da PM assinam os pareceres: a Diretoria-Geral de Ensino e Instrução (DGEI), responsável pelos colégios da PM, e a Assessoria Jurídica. A DGEI alertou para a invasão de competências da educação, que é de responsabilidade da Seeduc, e apontou ser contraditório órgãos de segurança comungarem da função de induzir boas práticas educacionais. Já a assessoria jurídica da PM apontou que a proposta é “carregada de alto grau de indeterminação” e, por isso, diz ser “praticamente impossível” que a PM faça qualquer manifestação técnica.
Embora Witzel tenha tido acesso aos documentos, o governador ignorou-os e encaminhou o projeto para a o projeto para a Assembleia Legislativa do Rio, Alerj. A proposta tramita em regime de urgência e aguarda votação em plenário. Segundo a reportagem, mesmo sem a aprovação do Legislativo, a Secretaria de Educação anunciou ontem em sua página no Facebook a abertura de matrículas para 11 escolas cívico-militares.
As unidades ainda serão inauguradas, mas há vagas para os municípios de São Gonçalo, Rio Bonito, Areal, Carmo, Cordeiro, Araruama, Miracema, Santo Antônio de Pádua, Três Rios e Resende. Segundo o secretário de Educação, Pedro Fernandes, a meta do governo é inaugurar 30 escolas até o fim deste ano.
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