Esporte

A um ano da Copa da Rússia, alguns atrasos e várias incertezas

A Copa das Confederações vai começar, mas há muitas dúvidas sobre a Copa do Mundo de 2018

O presidente Vladimir Putin e o premiê Dmitry Medvedev em 12 de junho. A Rússia receberá o mundo em 2018
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Por Thibault Marchand

A um ano da Copa do Mundo, a Rússia parece preparada para sediar o grande evento do futebol e mostrar ao mundo uma imagem festiva, apesar de alguns atrasos na construção dos estádios e várias incertezas em relação à capacidade do país de responder aos desafios apresentados.

Será a primeira vez desde a criação do troféu Jules Rimet, em 1930, que a Copa do Mundo será disputada no leste europeu.

O torneio apresenta diversos desafios para a Rússia: organizar um evento de alcance mundial ao mesmo tempo em que se multiplicam os atentados terroristas – principalmente na Europa –, atrair os torcedores do mundo todo para um país de imagem pouco atrativa e que parece viver nova Guerra Fria com o Ocidente, e fazer com o que o público local se interesse pelo torneio.

As autoridades russas garantem com veemência que o país estará preparado em 14 de junho de 2018, data da partida de abertura da Copa. Uma afirmação apoiada pela Fifa, que viu seu presidente, Gianni Infantino, se mostrar “satisfeito” com o andamento dos preparativos após sua última visita ao país, em final de maio.

Até o momento, somente os quatro estádios escolhidos para sediar jogos da Copa das Confederações (17 de junho-2 de julho) – Sochi, Kazan, São Petersburgo e o Spartak Stadium de Moscou – estão prontos.

A Copa das Confederações será uma prova de fogo para a sede de São Petersburgo, que, apesar de 10 anos de obras e um orçamento estourado, continua apresentando problemas. O último: o estado do gramado, que precisou ser completamente substituído.

As estações de metrô, encarregadas de transportar o público até o estádio de 68.000 lugares, também não estão prontas.

As obras nos outros oito estádios do Mundial, que devem ser finalizados no último trimestre de 2017, estão seguindo os prazos previstos… com exceção do estádio de Samara, que viu o primeiro-ministro Dmitri Medvedev admitir em abril que não ficaria pronto até 2018, apesar da mobilização de 2.000 operários. Medvedev, porém, garantiu que o atraso não terá consequências graves.

A Rússia não se livrou das críticas pelas condições de trabalho dos operários encarregados de construir os estádios e a própria Fifa admitiu ter descoberto trabalhadores ilegais norte-coreanos nas obras de São Petersburgo, provocando a ira das federações escandinavas de futebol.

Questionado pela AFP, Alexei Sorokin, presidente do Comitê Organizador russo, admitiu que operários norte-coreanos foram contratados, mas que “suas condições de trabalho não eram muito diferentes das dos outros operários”.

Infraestruturas turísticas

Para um país que não está familiarizado com o turismo em massa e que segue marcado pela herança soviética, outro desafio é desenvolver suas infraestruturas.

Primeiro obstáculo: o transporte. A Rússia escolheu como sedes apenas cidades situadas em sua parte europeia, mas as distâncias continuam grandes. Somente Nijni-Novogorod e São Petersburgo contam com linhas de trem expressas para Moscou.

Os torcedores que desejam acompanhar suas seleções terão que optar por viajar de avião, o que obrigou a Rússia a renovar e modernizar os aeroportos das cidades anfitriãs. Os dois principais aeroportos de Moscou, Cheremetievo e Domdedovo, contarão com novos terminais.

Estádio de Kazan A arena da Kazan, uma das poucas que está pronta para o mundial de 2018 (Foto: Francois Xavier Marit / AFP)

Mas a reforma do aeroporto de Kaliningrado, território russo no coração da União Europeia, sofre de um enorme atraso que provocou a saída da empresa encarregada da obra. De acordo com a direção deste aeroporto, a obra será finalizada antes de março de 2018.

Paralelamente, a Rússia trabalha para se tornar mais acessível aos estrangeiros. As autoridades estão promovendo o aprendizado do inglês e cerca de 30.000 voluntários são formados para receber e orientar os torcedores visitantes.

Atrair os torcedores

Somente três milhões de turistas estrangeiros visitam em média a Rússia a cada ano. As autoridades esperam que o número aumente em um milhão durante o Mundial. Esta estimativa não mudou desde que a Rússia obteve em 2010 o direito de sediar o evento.

Desde então o contexto global mudou e alguns fatores podem afetar negativamente esta previsão: a ameaça terrorista e as relações complicadas entre Moscou e as potências ocidentais, relacionadas à crise na Ucrânia e à guerra na Síria.

Outro tema polêmico é a violência dos ‘hooligans’ russos, que aterrorizaram a França durante a Eurocopa, em 2016, se envolvendo em brigas com adversários.

Há um ano, o presidente Vladimir Putin vem aprovando diversas leis para endurecer as medidas de segurança e criou uma ‘lista negra’ de torcedores, que estão proibidos de comparecer aos estádios. O país também não permitirá a entrada de ‘hooligans’ condenados em território estrangeiro.

Outra preocupação da organização é o desinteresse local, tanto pela Copa do Mundo quanto pela Copa das Confederações. Em meados de abril, somente 200 mil ingressos dos 700 mil colocados à venda haviam sido adquiridos e o vice-primeiro-ministro, Vitali Mutko, reconheceu que alguns estádio poderão aparentar estarem vazios.

*Leia mais em AFP

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