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Macron fala em superar divisões e reconstruir confiança

Presidente eleito disse que trabalhará para “reconstruir a relação entre a Europa e os cidadãos”

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O centrista pró-europeu Emmanuel Macron, eleito neste domingo presidente da França, prometeu combater “as divisões que nos minam”, restaurar a confiança do país e trabalhar para “reconstruir a relação entre a Europa e os cidadãos”. Em um discurso na sede de sua campanha, em Paris, Macron disse ainda estar consciente “da ira, da ansiedade e das dúvidas” dos franceses. 

“Esta noite abre-se uma nova página da nossa longa história. Quero que seja a da esperança e a da confiança recuperadas”, disse Macron à AFP. 

A vitória sobre a candidata da extrema-direita Marine Le Pen, com uma margem de 65,5% a 66,1% dos votos, segundo estimativas de institutos independentes, transformou o ex-banqueiro na pessoa mais jovem a ocupar o cargo. Aos 39 anos, Macron substituirá o socialista François Hollande. 

Apesar da derrota, Le Pen, de 48 anos, alcançou um resultado significativo para a Frente Nacional, que deve conquistar cerca de 34% dos votos com base em promessas contra a imigração e a zona do euro. Ela desejou sucesso a Macron, mas alertou que concentrará seus esforços nas eleições legislativas de junho, um pleito importante para o presidente eleito buscar uma maioria no Parlamento. 

A abstenção no segundo turno pode alcançar 27%, segundo estimativas. A taxa de participação às 13h de Brasília era de 65,3%, quatro pontos a menos que o primeiro turno (69,42%), de acordo com o Ministério do Interior. Foi a taxa de participação mais baixa desde 1969. 

Comemorações 

Milhares de pessoas foram ao centro de Paris comemorar a vitória de Macron na região do Museu do Louvre. Com bandeiras da França nas mãos, os simpatizantes do presidente eleito saudaram sua vitória ante Le Pen. Hollande e vários integrantes do governo reunidos no Palácio do Eliseu comemoraram com uma salva de palmas. 

Macron vai governar um país dividido politicamente entre zonas urbanas (privilegiadas e reformistas) e as despossuídas (mais tentadas por propostas extremistas). Ele terá desafios importantes para superar, como um desemprego endêmico de 10%, a luta contra o terrorismo e a crise da União Europeia (UE).

Mundo saúda o novo presidente

Líderes internacionais enviaram mensagens a Macron. O presidente Michel Temer publicou dois tuítes cumprimentando o francês. “Brasil e França continuarão a trabalhar juntos em favor da democracia, dos direitos humanos, do desenvolvimento, da integração e da paz”, escreveu o peemedebista. 

Donald Trump, presidente dos EUA, também usou o Twitter para saudar Macron pela “grande vitória” e se disse ansioso “por trabalhar com ele”. 

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, parabenizou o novo presidente na rede social, afirmando que os franceses escolheram “um futuro europeu”. O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, elogiou a decisão dos franceses a favor da “liberdade, a igualdade e a fraternidade”. 

O porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel, qualificou a vitória de Macron de uma “vitória para uma Europa forte e unida”. “Felicidades, @EmmanuelMacron. Sua vitória é uma vitória para uma Europa forte e unida e para a amizade franco-alemã”, publicou Steffen Seibert, em alemão e francês, no Twitter.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, saudou o novo presidente francês em um comunicado oficial. “A primeira-ministra saúda sinceramente o presidente eleito Macron por seu êxito nas eleições”, destacou um porta-voz, sublinhando que a França é um dos “aliados mais próximos” da Grã-Bretanha.

Partido novo

Em apenas um ano, desde que fundou o movimento Em Marcha!, Macron abriu caminho em um país onde os dois grandes partidos tradicionais de esquerda e direita se alternavam no poder há meio século.

Superou-os no primeiro turno com um programa europeísta e liberal em temas econômicos e sociais. Foi para o segundo turno com uma vantagem cômoda nas pesquisas, reforçada no debate com sua adversária, mas isto não impediu que levasse um susto de última hora, com um ataque maciço de hackers cuja origem é desconhecida e é investigado pela justiça francesa.

As eleições francesas serviram com um termômetro para mensurar a força dos populistas no mundo e fortalecer a UE após o Brexit. Por outro lado, o próximo passo de Macron é uma incógnita. Em junho os franceses voltam às urnas nas eleições legislativas, dominadas pela incerteza.

A derrota dos candidatos de direita e socialistas no primeiro turno, aliado ao avanço da extrema direita, geram uma dúvida: Macron será capaz de alcançar uma maioria parlamentar e evitar uma coalizão mesmo sem dispor da máquina de um partido tradicional?

Le Pen pode aproveitar o impulso da disputa presidencial para eleger muitos mais deputados do que seu partido possui atualmente, mantendo o foco da campanha em uma plataforma anti-UE, contra globalização, contra imigrantes ilegais e as elites em um país corroído pelo desemprego e traumatizado por atentados.

Com informações da AFP.

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