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Para a Economist, EUA deixam de ser uma “democracia plena”

Eleição de Trump é sintoma dos problemas que fizeram a consultoria ligada à publicação britânica incluir os EUA no patamar das “democracias defeituosas”, o mesmo do Brasil

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A Economist Intelligence Unit (EIU), a consultoria de inteligência ligada à revista britânica The Economist, divulgou nesta quarta-feira 25 seu novo ranking de democracias no mundo e removeu os Estados Unidos da categoria “democracia plena”. Agora, os EUA estão no grupo das “democracias defeituosas“, no qual também figura o Brasil.

O relatório da EIU é intitulado “A vingança dos deploráveis”, uma alusão a um comentário de Hillary Clinton a respeito dos eleitores de Donald Trump. Para a consultoria, tanto a vitória de Trump quanto a saída do Reino Unido da União Europeia, no chamado Brexit, são recados da maioria para o establishment político, que vem tendo enorme dificuldade de entender a mensagem – algo simbolizado pela frase de Hillary.

“Ao invés de procurar compreender as causas da reação popular contra o establishment político, alguns procuraram, em vez disso, deslegitimar os resultados do Brexit e de Trump, desprezando os valores daqueles que os apoiaram”, diz o relatório, acrescentando que “mesmo quando reconhecem que os apoiadores do Brexit e de Trump têm razões legítimas para se sentirem insatisfeitos com o status quo, alguns comentaristas sugerem que suas escolhas são ilegítimas”.

Para a EIU, “os dois votos capturaram as contradições que cercam a democracia contemporânea” e são “sintomáticos dos problemas da democracia representativa do século XXI”. Assim, diz a EIU, “em seus diferentes modos, ambos os eventos expressaram um desejo, muitas vezes incipiente, de mais democracia, ou pelo menos algo melhor do que o que tem sido oferecido nas últimas décadas.”

Desta forma, a eleição de Trump é resultado da degradação da democracia dos EUA e não sua causa.

O ranking da EIU está em seu nono ano de existência. No total, 165 países e territórios são listados conforme a nota final de sua democracia, baseada em cinco critérios: processo eleitoral e pluralismo; liberdades civis; funcionamento do governo; participação política; e cultura política.

Com base em suas pontuações em uma lista de diversos indicadores dentro dessas categorias, cada país é então classificado como um dos quatro tipos de regime: “democracia plena”; “democracia defeituosa”; “regime híbrido” e “regime autoritário”.

Os Estados Unidos tiveram uma redução na avaliação do item “funcionamento do governo” e ficaram com nota global 7,98, abaixo da nota de corte 8 para ser classificado como democracia plena.

Agora, apenas 19 países são considerados democracias plenas: pela ordem, Noruega, Islândia, Suécia, Nova Zelândia, Dinamarca, Irlanda, Suíça, Finlândia, Austrália, Luxemburgo, Holanda, Alemanha, Áustria, Malta, Reino Unido, Espanha, Ilhas Maurício e Uruguai.

No grupo das democracias defeituosas há 57 países, sendo os EUA o 21º colocado, ao lado da Itália, e o Brasil o 51º. Dos 91 países restantes, 40 são considerados regimes híbridos e 51, autoritários.

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