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Tony Blair sabia sobre armas químicas sírias, diz ex-chefe da inteligência

John Morrison, ex-chefe da equipe de inteligência da defesa, escreve no Observer que Blair tinha de saber sobre armas químicas

Tony Blair. O ex-primeiro-ministro está tentando reescrever a história?
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Por Mark Townsend

Uma antiga autoridade da inteligência acusou o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair de tentar “reescrever a história” sobre o que ele realmente sabia a respeito da capacidade de armas químicas do presidente Bashar al-Assad.

Na semana passada, Blair lançou uma defesa apaixonada de sua decisão de invadir o Iraque, na qual afirmou que o Ocidente não sabia que Assad estivesse fabricando armas químicas até que o regime começou a usá-las, em 2012.

No entanto, John Morrison, ex-chefe da equipe de inteligência da defesa e vice-chefe da inteligência da defesa entre 1994 e 1999, diz em uma carta ao Observer que, durante mais de uma década antes da invasão do Iraque em 2003, Blair devia estar ciente de que a Síria possuía uma capacidade de ataque químico porque autoridades da inteligência lhe haviam informado a respeito.

Morrison, que também é ex-membro do Comitê Conjunto de Inteligência (JIC na sigla em inglês), acrescentou que o estoque químico da Síria era um tema constante nos relatórios desse comitê, que assessora o primeiro-ministro e o gabinete no tema segurança. “A questão não era se ele (Assad) as possuía, mas quando e como poderia usá-las”, escreve ele.

Na semana passada, especialistas do grupo mundial de vigilância de armas químicas revelou que acreditava que substâncias tóxicas, como o cloro, estão sendo usadas “de maneira sistemática” na Síria, depois de investigarem vários incidentes no norte do país.

Morrison também revê a polêmica sobre a posse de armas de destruição em massa pelo Iraque, dizendo que desde a Guerra do Golfo de 1991 autoridades da inteligência britânica avaliaram que Saddam Hussein tinha uma “capacidade de recuperação” para reativar seu programa de armas de destruição em masa, mas que isso não tinha nada a ver com relatos de inspetores de armas da ONU na escalada da invasão, 11 anos atrás.

Morrison escreve: “Perguntamo-nos se Blair leu as avaliações que lhe enviamos, está tentando reescrever a história em seu benefício ou sofre de alguma síndrome de falsa memória de primeiro-ministro. Seja qual for, ele não deveria poder se safar com inverdades”.

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