Cármen Lúcia rejeita ação do governo de Alagoas para impugnar acordo com a Braskem

Acordo foi firmado com Prefeitura de Maceió visando indenizar os danos causados pelo afundamento do solo

Maceió (AL) 02.12.2023, Bairros com risco de afundamento desocupados em Maceió. Minas da Braskem. Foto: Gésio Passos/Agência Brasil

Apoie Siga-nos no

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou o prosseguimento de uma ação proposta pelo governo de Alagoas que tentava derrubar trechos do acordo firmado pela mineradora Braskem com órgãos públicos de Maceió. O acordo busca a reparação de danos causados na cidade pelo afundamento de solo causado pela mina de sal-gema da empresa. 

A ministra justificou a rejeição da ação pontuando que o tipo de recurso apresentado pelo governador Paulo Dantas (MDB) não é o adequado para tratar do tema na Justiça. 

“Não se demonstra, assim, constitucionalmente adequada e eficaz buscar-se por essa via a pretensão deduzida que deveria ser obtida, com adequação, efetividade e proveito, pelas vias processuais adequadas e legítimas, o que patenteia o descabimento da presente arguição”, escreveu.

A ministra ainda ressaltou que apenas a existência de novos fatos permitem reabrir as discussões sobre as cláusulas do acordo. 

“Pela relevância do tema que abrange esta arguição, cumpre ressaltar que a superveniência de situações fáticas não contempladas nos acordos, autoriza a reabertura de discussões e novos pedidos de reparação de danos, conforme se preveem em cláusulas dos acordos firmados que contemplam a realização de diagnóstico ambiental periódico destinado a atualizar os danos causados e apontar novas medidas a serem adotadas”, cita o trecho. 

Os acordos em questão foram firmados pela Braskem com Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público de Alagoas (MP-AL), Defensoria Pública de Alagoas, Defensoria Pública da União (DPU) e Município de Maceió.


O acordo foi assinado em julho passado, meses antes de parte de uma mina de sal-gema entrar em colapso.

Na ação, o governo tenta anular os trechos que deram quitação ampla, geral e irrestrita à empresa pelos danos causados pela atividade mineradora. Segundo alegado, o acordo impede a integral reparação dos danos. 

O acordo ainda permite que a mineradora se torne a proprietária e explore economicamente a região por ela devastada. 

Em maio, o procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, afirmou ser favorável à manutenção integral do acordo bilionário que blinda a Braskem de responsabilidade pelo afundamento de bairros em Maceió.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.