Justiça

Delegado que pediu busca e apreensão contra Aras e Guedes vira réu no DF

Com a decisão, Bruno Calandrini passa a ser formalmente investigado na Justiça Federal

Augusto Aras e Paulo Guedes. Fotos: Roberto Jayme/TSE e Marcelo Camargo/Agência Brasil
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A Justiça Federal do Distrito Federal tornou réu o delegado federal Bruno Calandrini por prevaricação e tentativa de obter provas de maneira ilícita em razão de pedidos de busca e apreensão contra o ex-procurador-geral da República Augusto Aras e o ex-ministro da Economia Paulo Guedes.

Com a decisão, o delegado passa a ser formalmente investigado. Agora, Calandrini deve apresentar sua defesa e o processo seguirá para fase de coleta de provas. Na sequência, o tribunal decidirá se condena ou não o réu.

O despacho que recebe a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal foi assinado pela juíza federal substituta Pollyana Kelly Alves em 17 de dezembro. Procurada, a defesa do delegado disse que a acusação não possui “suporte técnico processual penal”.

Os pedidos de busca e apreensão foram protocolados por Calandrini em maio de 2022. As diligências tinham como pano de fundo um diálogo no qual o advogado Ticiano Figueiredo pedia que Aras intercedesse para suspender um depoimento de Guedes à PF em uma investigação sobre desvios no fundo de pensão dos Correios, o Postalis.

À época, a solicitação foi negada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal.

Na denúncia, o MPF argumentou que o delegado deu andamento à investigação a despeito da decisão da Corte e das recomendações emitidas por seus superiores, “procedendo à obtenção de prova por meio manifestamente ilícito, visando a satisfação de interesse pessoal”.

Calandrini foi responsável por conduzir as investigações sobre um suposto esquema de corrupção no Ministério da Educação na gestão de Milton Ribeiro, mas denunciou “interferência” no caso e passou à condição de investigado. No início do ano passado, a Justiça suspendeu o inquérito contra o delegado.

Em nota enviada à reportagem, os advogados Ciro Chagas e André Hespanhol – responsáveis pela defesa do delegado – afirmam que a “inveracidade da acusação” será demonstrada ao longo do processo.

“Esta defesa e seu representado têm tranquilidade de que provarão inocência frente essas injustas imputações, reforçando os mais de 20 anos de serviços prestados ao Estado pelo delegado de Polícia Federal, que jamais se omitiu ou se desviou de seu propósito”, completa.

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