Justiça

Entidades acionam o STF contra leis que proíbem a linguagem neutra

Para entidades, os que patrocinam o combate à linguagem inclusiva ‘visam combater espantalhos’

Créditos: Istock Photos
Apoie Siga-nos no

A Aliança Nacional LGBTI+ e a Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas acionaram o Supremo Tribunal Federal para questionar a constitucionalidade de leis municipais e estaduais que proíbem o uso de linguagem neutra ou inclusiva.

O caso tramitará sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

Ao todo, foram identificadas 18 legislações locais que podem estar em desacordo com a Constituição Federal, apontam os advogados Amanda Souto Baliza, Paulo Iotti, Gabriel Dil e Gabriel Borba, representantes nas ações.

O pacote de ações se baseia em dados publicados pelo jornal Folha de S. Paulo sobre as leis anti-LGBTQIA+ no País. Os defensores apontam que o português, a exemplo dos demais idiomas, tem características vivas, que se ajustam ao longo do tempo.

Nesse sentido, segundo os advogados, as leis de estados e municípios funcionam de maneira coercitiva contra a evolução da linguagem, principalmente do ponto de vista do combate aos preconceitos linguísticos.

“É possível notar que a ideia de proteção da língua portuguesa em legislações como a impugnada nesta ação é uma falácia, pois são leis que confundem conceitos inconfundíveis, como gramática (normativa) e língua em geral e linguagem coloquial em especial, que são dinâmicas e notoriamente independentes da gramática”, sustentam.

Na avaliação dos autores das ações, as proposições têm o objetivo de “atacar grupos historicamente marginalizados/vulnerabilizados que usam modos alternativos de linguagem para que suas existências sejam reconhecidas e respeitadas”.

O documento ainda enfatiza não haver pretensão de impor o uso da linguagem neutra em substituição à “norma culta”.

Para os advogados, as legislações impugnadas são iniciativas que visam combater espantalhos, ao alegar um problema social que não existe para proibir linguagem neutra ou não-binária em áreas nas quais ela não é utilizada (como documentos oficiais e provas de gramática culta).

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo