Justiça
Kassio Nunes pede ’empatia’ a mulheres no TSE e Cármen Lúcia rebate: ‘Não somos coitadas’
Os magistrados analisavam se o partido Cidadania teria lançado candidaturas femininas fictícias nas eleições para o cargo de vereador em Itaiçaba (CE), em 2020
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2017/10/carmem-e1631287546394.jpg)
A ministra do Tribunal Superior Eleitoral, Cármen Lúcia, rebateu um dos argumentos do também ministro Kassio Nunes durante sessão nesta quinta-feira 27, durante julgamento sobre suposta fraude em cota de gênero nas eleições de 2020.
Os magistrados analisavam se o partido Cidadania teria lançado candidaturas femininas fictícias para cumprir o requisito de ao menos 30% de candidatas mulheres nas eleições para o cargo de vereador em Itaiçaba (CE).
Ao se manifestar sobre o caso, Nunes disse que não seria possível classificá-lo como fraude e pediu mais empatia com mulheres em disputas eleitorais, justificando que “não é fácil para uma mulher do povo, simples, se candidatar e ter 9 votos numa cidade”.
“Há uma tentativa republicana de cumprimento da norma eleitoral [a cota de gênero], na busca de pessoas do gênero feminino que se disponham a se candidatar. No entanto, a partir do momento que ela se filia e há um completo abandono, a gente precisa ter um pouco de empatia com essas mulheres”, disse o ministro.
“Elas nunca participaram de nada, de campanha, não sabem como percorrer esse caminho durante o pleito Devemos ter empatia porque não é fácil para uma mulher do povo, simples, se candidatar e ter 9 votos numa cidade dessa”, completou.
Cármem Lúcia então respondeu que não se tratava de empatia, mas de respeito às mulheres em disputas políticas a partir da efetividade jurídica ao critério constitucional que já prevê um mínimo de candidaturas femininas.
“A Justiça Eleitoral tem a tradição de reconhecer como pessoa dotada de autonomia, e não precisar de amparo. Isso é o que nós não queremos, ministro. E eu entendo quando o senhor afirma, de uma forma que soa paternal, dizendo que haja empatia. É preciso, na verdade, que haja educação cívica”, afirmou. “Não somos coitadas. Não precisamos de empatia, precisamos de respeito”, emendou a ministra.
“Não acho que é uma questão de empatia, é uma questão de constitucionalidade. Não é constitucional ter no Brasil um dispositivo que não é cumprido. Tem uma legislação que, desde 1996, estabelece uma cota. Mais de 30% dos casos que nos chegam nesta Corte são de descumprimento da lei. Temos de dar efetividade jurídica e social com igualdade”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.
Leia também
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2023/02/Sem-Título-14-300x200.jpg)
STF forma maioria para tornar réus mais 200 bolsonaristas por envolvimento no 8 de Janeiro
Por Wendal Carmo![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2023/01/000_336P9NL-300x207.jpg)
Moraes libera da prisão mais 14 bolsonaristas envolvidos nos atos de 8 de janeiro
Por Wendal Carmo![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2022/06/stj_1908200979_0-300x179.jpg)
Corte Especial do STJ decide que salários de qualquer valor podem ser penhorados para pagar dívidas
Por CartaCapital![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2023/02/lula-centrais-sindicais2_mcamgo_abr_180120231818-300x225.jpg)