MP-SP vai apurar denúncias de que mortos em operação da PM são levados como ‘vivos’ a hospitais

Promotores do Gaesp vão colher os prontuários médicos e identificar os socorristas para saber como esses transportes ocorreram

Foto: Reprodução/Redes Sociais

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O Ministério Público de São Paulo abriu, nesta quinta-feira 7, uma investigação para apurar denúncias de funcionários da Saúde de Santos de que corpos das vítimas fatais da Operação Verão são encaminhados aos hospitais como vivos. O caso foi revelado pelo G1.

A apuração será conduzida pelo Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), vinculado ao MP.

Os promotores do Gaesp vão colher os prontuários médicos e identificar os socorristas para saber como esses transportes ocorreram. O grupo também afirmou ao site que oficiou a Secretaria de Santos para saber se foi instaurada uma sindicância interna.

A reportagem apurou junto a especialistas em segurança pública que, quando um corpo é retirado do local do crime, isso prejudica o trabalho da perícia e que é difícil constatar, por exemplo, se houve um homicídio ou uma Morte Decorrente de Intervenção Policial (MDIP), caso de quando alguém é baleado em confronto com a polícia.

O G1 aponta ter tido acesso a dez boletins de ocorrência que se referem a 17 mortes ocorridas no contexto da operação, que já deixou um total de 57 mortos, entre janeiro e fevereiro deste ano, número cinco vezes maior do que o registrado no ano passado.

Segundo o site, nos registros, a polícia alega que os mortos eram criminosos e que foram baleados por estarem armados. No caso de 12 pessoas mortas, há a informação de que elas foram socorridas e levadas com vida ao pronto-socorro, onde teriam morrido. Os relatos de profissionais de saúde ouvidos pela reportagem, no entanto, diferem do que consta nos boletins.


Na quarta-feira 6, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, declarou que não reconhece nenhum excesso por parte de policiais nas operações na Baixada Santista. O secretário foi rebatido pelo ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Cláudio Aparecido, que disse que o “cenário é de massacre e crise humanitária”.

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