‘Não é assim que se procede’, diz Gilmar a Fux em sessão no STF

Novo presidente da Corte, Fux viveu 1º momento de tensão no cargo

Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

Apoie Siga-nos no

O ministro Luiz Fux teve nesta quarta-feira 7 sua primeira troca de farpas no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) desde que foi nomeado presidente da Corte. O magistrado teve um embate com Gilmar Mendes em sessão extraordinária que aprovou mudanças na forma de julgar casos da Operação Lava Jato.

 

 

Gilmar Mendes criticou o fato de Luiz Fux apresentar uma proposta importante no meio de uma sessão administrativa, sem avisar previamente os demais ministros.

A proposta em questão tira os julgamentos da Lava Jato da competência da 2ª Turma, grupo do STF com menos ministros, e leva os casos para serem analisados no plenário com os 11 magistrados. Gilmar Mendes fez críticas a Fux momentos após Ricardo Lewandowski reclamar de que a proposta não estava na pauta.


Gilmar afirmou que a discussão é importante, mas disse aguardar que Fux apresentasse um texto, porque se trata de uma “reforma regimental”.

“Eu estou recebendo essa notícia agora. Não vejo problema, acho importante, mas é preciso solenizar essa reforma regimental”, disse.

Na sequência, Gilmar disse que “reformas regimentais devem ser, primeiro, avisadas aos ministros para serem discutidas”.

“De fato, não faz sentido a gente chegar do almoço e receber a notícia de que tem uma reforma regimental que será votada”, continuou.

Fux afirmou que “sempre foi de prestigiar os presidentes”, mas disse que Gilmar Mendes tem “todo o direito de se manifestar nesse sentido”.

Mais enérgico, Gilmar rebateu com uma comparação aos Atos Institucionais (AIs), mais presentes na época da ditadura militar.

“Devemos sempre lembrar isso, o presidente é um coordenador de iguais, isso é fundamental. Todos nós nos habituamos a isso”, disse.

 

Tome esse cuidado em relação aos colegas. Então vamos fazer um Ato Institucional e passa a fazer dessa forma. Não é assim que se procede.

 

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.