OAB defende afastamento de desembargador que falou em ‘mulherada louca atrás de homem’

Falas machistas foram durante o julgamento de um caso de assédio entre um professor e uma aluna

Desembargador Luís César de Paula Espíndola, do Tribunal de Justiça do Paraná. Foto: Reprodução

Apoie Siga-nos no

A OAB do Paraná defendeu, neste sábado 6, o afastamento cautelar do desembargador Luís Cesar de Paula Espíndola do Tribunal de Justiça do estado. O documento pede ainda a remoção dele da 12ª Câmera Cível do TJ-PR.

Durante o julgamento de um caso de assédio entre um professor e uma aluna, o desembargador afirmou que são as mulheres que “estão loucas atrás dos homens”.

“É imperioso o afastamento do Desembargador do cargo – antes mesmo da instauração do procedimento administrativo – até que sejam apreciados os fatos apresentados no presente procedimento”, diz o documento assinado pela presidente da OAB-PR, Marilena Winter.

O episódio ocorreu quando a 12ª Câmara Cível do TJ, que é presidida por Espíndola, discutia a possibilidade de conceder medida protetiva à menina, na quarta-feira. O julgamento já havia sido encerrado quando ele pediu a palavra e disse ser um “absurdo estragar a vida do professor” envolvido no caso.

Nas palavras do magistrado, a situação envolveria apenas o “ego de adolescente” que “precisava de atenção” e o professor teria sido “infeliz, mas aprendeu a lição”.

Uma desembargadora que estava presente reagiu, mas Espíndola respondeu dizendo que as mulheres “estão assediando todo mundo”, incluindo professores de universidades.


“Quem está correndo atrás dos homens são as mulheres. Não tem no mercado, né? A mulherada está louca para levar um elogio, uma piscada, uma cantada respeitosa. Vai no parque só tem mulher com cachorrinho, louca para encontrar um companheiro. A paquera é uma conduta que sempre existiu, sadia”, continuou.

?feature=oembed" frameborder="0" allowfullscreen> src="https://i.ytimg.com/vi/FcaNcy3mNmo/hqdefault.jpg" layout="fill" object-fit="cover" alt="No Paraná, desembargador diz que mulheres estão 'loucas atrás de homem' | #Cortes">

Segundo a OAB, o comportamento demonstra um “profundo desrespeito para com as mais recorrentes vítimas de todo tipo de violência: as meninas e mulheres brasileiras”.

Na sexta-feira, o ministro Luís Felipe Salomão, corregedor nacional de Justiça, abriu procedimento disciplinar contra o magistrado. Agora, o magistrado tem quinze dias para prestar esclarecimentos sobre as falas ao CNJ.

Ao determinar a abertura do processo, Salomão afirmou que o discurso do desembargador precisa ser investigado por ser “potencialmente preconceituoso e misógino”.

Após as declarações repercutirem nas redes sociais, o magistrado afirmou que não teve a intenção de menosprezar o comportamento feminino e disse sempre ter defendido a “igualdade entre homens e mulheres, tanto em minha vida pessoal quanto em minhas decisões”.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.