PF prende suspeitos de ameaçar familiares de Alexandre de Moraes

Operação foi deflagrada a pedido da PGR, depois que e-mails com ameaças chegaram ao STF. Um dos alvos é fuzileiro naval da Marinha

Nomeado por Temer, Moraes ainda precisa ser aprovado pelo Senado

Apoie Siga-nos no

A Polícia Federal prendeu, nesta sexta-feira 31, dois homens acusados de ameaçar familiares do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. As prisões ocorreram em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Os agentes também cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos suspeitos. As diligências foram solicitadas pela Procuradoria-Geral da República.

A PGR submeteu os pedidos no âmbito do inquérito das fake news, que tramita no STF desde 2019. A investigação apura ameaças e ofensas a autoridades e instituições por pessoas com ou sem foro privilegiado na Corte.

Um dos alvos é o fuzileiro naval Raul Fonseca de Oliveira. Por envolver um militar da ativa, a cúpula da Marinha foi comunicada com antecedência e enviou representantes para acompanhar a operação.

O sargento estava em sua residência, na Ilha do Governador (RJ), quando recebeu uma equipe da PF. O outro preso é Oliveirino de Oliveira Junior.

A investigação começou em abril, depois que e-mails anônimos começaram a chegar ao Supremo. Nas mensagens, os suspeitos afirmavam que usariam bombas em um suposto ataque e disseram saber o itinerário da filha de Moraes.


Os suspeitos, que são irmãos, devem passar por audiência de custódia. O despacho que autorizou a operação desta nesta sexta-feira permanece em segredo de justiça. Eles são investigados por ameaça e perseguição (crime de stalking, quando se persegue uma pessoa no mundo virtual).

Ambos também são investigados pelo crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, uma vez que o conteúdo das mensagens de ameaça à família de Moraes faziam referência ao “comunismo” e antipatriotismo”.

Por meio de nota, o ministro afirmou que as mensagens enviadas pelos suspeitos teriam, de acordo com a PGR, o objetivo de “restringir o livre exercício da função judiciária” no Supremo à frente de inquéritos que investigam atos antidemocráticos.

“A gravidade das ameaças veiculadas, sua natureza violenta e os indícios de que há monitoramento da rotina das vítimas evidenciam o perigo concreto de que a permanência dos investigados em liberdade põe em risco a garantia da ordem pública. A medida é, assim, proporcional, ante o risco concreto à integridade física e emocional das vítimas”, disse.

Questionada, a Marinha afirmou que “não se manifesta sobre processos investigatórios em curso no âmbito do Poder Judiciário” e que “permanece à disposição da Justiça para prestar as informações, no que lhe couber, necessárias ao andamento das investigações”.

CartaCapital tenta localizar a defesa dos acusados e atualizará esta reportagem assim que tiver retorno.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.