O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a dizer que tanto a Rússia como a Ucrânia são responsáveis pelo conflito no leste europeu. A declaração ocorreu neste domingo 16, em entrevista coletiva a jornalista, após a sua passagem nos Emirados Árabes Unidos e na China.
Na ocasião, o petista defendeu novamente a criação de um grupo de países que não tenham envolvimento com a guerra para dialogar com a Rússia, a Ucrânia, os Estados Unidos e a União Europeia, em prol do fim do confronto.
“Eu penso que a construção da guerra foi mais fácil do que será a saída da guerra, porque a decisão da guerra foi tomada por dois países”, afirmou.
O presidente brasileiro chegou a mencionar os mandatários da Rússia e da Ucrânia como responsáveis e também culpou os americanos e os europeus pelo estímulo à guerra.
“O presidente Putin não toma a iniciativa de parar. O Zelensky não toma a iniciativa de parar. A Europa e os Estados Unidos terminam dando contribuição à continuidade dessa guerra. Acho que nós temos que sentar numa mesa e dizer chega, vamos conversar, porque a guerra nunca trouxe e nunca trará benefícios”, disse.
Declarações como essa já haviam sido dadas por Lula desde a entrevista à revista americana Time, em maio do ano passado, quando afirmou que o presidente russo Vladimir Putin errou ao invadir a Ucrânia, mas que o homólogo ucraniano Volodymyr Zelensky “quis a guerra”.
Lula também rejeitou uma sugestão da Alemanha e se negou a fornecer ajuda militar à Ucrânia, sob a justificativa de que o ato faria o Brasil se envolver na guerra. Além disso, o presidente brasileiro acusa os Estados Unidos de incentivarem a guerra e pediu que o país faça esforços pela paz.
O presidente da Ucrânia já se demonstrou desagradado com as declarações de Lula e disse que quer um diálogo “olhos nos olhos” com o Brasil. Para o governo do país europeu, a versão do petista tenta “distorcer a verdade”, e a Rússia é a única responsável pelo conflito.
Nos espaços multilaterais, Lula já adotou posições distintas sobre o assunto.
Na Assembleia Geral das Nações Unidas, o Brasil assinou uma resolução condenatória à Rússia, movimento que dividiu especialistas por, supostamente, romper o caráter neutro da diplomacia do Itamaraty.
Porém, na Cúpula para a Democracia, organizada pelo presidente americano Joe Biden no mês passado, o Brasil preferiu ficar de fora de um abaixo-assinado com mais de 70 países signatários contra a Rússia.
A proposta do Brasil em instituir um grupo da paz já foi apresentada pessoalmente a diferentes líderes internacionais, como Xi Jinping e Joe Biden. O governo Lula também já propôs um plano de paz para a questão, mas o projeto foi rejeitado pela Ucrânia. O governo da França, de Emmanuel Macron, demonstrou apoio ao Brasil.
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