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Além do suborno: conheça as outras investigações que deixam Trump na mira da Justiça

O ex-presidente foi indiciado nesta terça com 34 acusações criminais decorrentes de 3 casos de suborno antes das eleições de 2016

Foto ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
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O ex-presidente Donald Trump se apresentou nesta terça-feira 4 a um tribunal criminal de Nova York, após ter sido indiciado por fraude contábil para encobrir, entre outros, o pagamento de suborno para silenciar uma atriz pornô.

Ao todo, ele foi indiciado com 34 acusações criminais de falsificação de registros contábeis decorrentes de três casos de suborno antes das eleições de 2016.

Segundo o promotor Alvin Bragg:

  • Trump providenciou o pagamento de 130 mil dólares para a estrela pornô Stormy Daniels a fim de comprar seu silêncio sobre um encontro sexual em 2006;
  • há, ainda, um pagamento de 30 mil dólares realizado por meio de um intermediário a um antigo porteiro da Trump Tower que alegava que Trump seria pai de um filho fora do casamento;
  • o último caso envolveu uma mulher que recebeu 150 mil dólares de um jornal americano em troca de não falar sobre um relacionamento sexual que supostamente manteve com Trump. A mulher não foi identificada no processo, mas tem sido frequentemente reportada como Karen McDougal, uma antiga coelhinha da Playboy.

Donald Trump é alvo, no entanto, de outras investigações:

Invasão do Capitólio

Um comitê do Congresso, dissolvido pela maioria republicana que assumiu neste ano a Câmara baixa, investigou o papel de Trump na invasão de seus apoiadores ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

Em diversas audiências, o comitê, formado sobretudo por democratas, apontou que o ex-presidente inflamou seus fanáticos antes do ataque e que ele “fracassou em seu dever como comandante-em-chefe” durante a invasão.

Em seu relatório final, o colegiado concluiu que Trump não deveria voltar a ocupar um cargo público e recomendou que os tribunais federais abrissem um processo criminal contra ele, sobretudo por incentivar a insurreição. Este é o caso que poderia resultar em acusações mais graves contra Trump.

O promotor especial Jack Smith investiga, ainda, o papel do magnata nas tentativas de revogar os resultados das eleições presidenciais de 2020. Quando concluir as investigações, poderá decidir indicia-lo ou não. A última palavra, porém, será do secretário de Justiça, Merrick Garland.

Apuração de votos na Geórgia

Uma procuradora da Geórgia investiga desde 2021 as “tentativas de influenciar as operações eleitorais” no estado, onde Joe Biden venceu por estreita maioria em 2020.

Em um telefonema, cujo registro foi tornado público, Trump pediu a Brad Raffensperger, alto funcionário local, que “encontrasse” quase 12 mil votos a seu favor.

Fani Willis, promotora do condado de Fulton, nomeou um grande júri para determinar se há provas suficientes para indiciar o ex-presidente. Pessoas próximas de Trump, como seu ex-advogado pessoal, Rudy Giuliani, testemunharam.

O grande júri recomendou o indiciamento de várias pessoas, sem revelar se o ex-presidente está entre elas.

Arquivos da Casa Branca

Ao deixar a Casa Branca, Trump levou consigo caixas repletas de documentos, apesar de uma lei de 1978 obrigar os presidentes americanos a enviarem todos os seus e-mails, cartas e outros documentos de trabalho aos Arquivos Nacionais.

Em janeiro de 2022, Trump devolveu 15 caixas, mas o FBI estimou que ele provavelmente tinha outras em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida.

Posteriormente, agentes fizeram uma revista com mandado judicial por “retenção de documentos sigilosos” e “obstrução de investigação federal”, e confiscaram cerca de 30 caixas extras.

Começou, então, uma intensa batalha legal para determinar a natureza dos documentos apreendidos: sigilosos, pessoais ou com o sigilo suspenso? O obstáculo atrasou o processo, mas o episódio pode resultar em um indiciamento por crime federal. O promotor especial Smith também investiga o caso.

Assuntos financeiros

Em janeiro, a Trump Organization foi condenada, em Nova York, a pagar uma multa de até 1,6 milhão de dólares por fraude fiscal e financeira. É um caso criminal, mas se espera outro na esfera cível dentro de alguns meses.

A procuradora-geral do estado de Nova York, a democrata Letitia James, apresentou um processo contra Trump, seus filhos e a Trump Organization.

Eles são acusados de manipular deliberadamente o valor dos ativos do grupo – que incluem clubes de golfe, hotéis de luxo e outras propriedades – para obter empréstimos mais vantajosos dos bancos ou reduzir impostos.

Letitia pede 250 milhões de dólares em indenizações em nome do estado, além da proibição de que o ex-presidente e seus familiares administrem empresas.

(Com informações da AFP)

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