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América Latina deve reagir em caso de golpe no Brasil, diz Boric

Para o presidente chileno, ‘a Carta pela Democracia foi um sinal forte da sociedade brasileira’

O presidente do Chile, Gabriel Boric, em visita à Argentina. Foto: Juan Mabromata/AFP
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O presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou que os países da América Latina devem agir em conjunto para evitar uma ruptura democrática no Brasil provocada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). 

“Se houve uma tentativa, como houve na Bolívia, por exemplo, em 2020, onde as acusações de fraude acabaram sendo usadas para justificar um golpe de estado, a América Latina tem que reagir em conjunto para evitar que isso aconteça”, disse Boric em entrevista à revista Time. Para o chileno, a Carta pela Democracia assinada por milhares de brasileiros é uma resposta forte para as ameaças feitas pelo ex-capitão.

“Bom, primeiro foi muito promissor ver a carta de São Paulo, que reúne um milhão de assinaturas a favor da democracia, de um amplo recorte [da sociedade e da política]”, acrescentou. “Acho que foi um sinal forte da sociedade brasileira”. 

Boric foi eleito em dezembro após inúmeros protestos que exigiam mudanças sociais e econômicas no Chile. O presidente se classifica como um socialista liberal, que critica a visão defendida por parte da esquerda de que o Estado teria capacidade de resolver todos os problemas.  

Na entrevista, o chileno ainda condenou líderes autoritários alinhados à esquerda. “Acho que o autoritarismo que os líderes permitiram à esquerda causou muitos danos não apenas à ideia de esquerda, mas também ao seu próprio povo”. Para ele, falta uma autocrítica dos movimentos progressistas.

O Chile está às vésperas de um referendo que decidirá sobre a adoção ou não da nova Constituição Nacional que poderá substituir a vigente, promulgada em 1980, pelo ditador Augusto Pinochet. O novo texto prevê reformas progressivas no setor da saúde, autonomia dos povos indígenas e maior controle do setor de mineração. 

De acordo com as últimas pesquisas, a maioria dos eleitores planeja rejeitar a Carta Magna. Sobre o assunto, Boric afirma que, caso o novo texto seja rejeitado, novas convenções constitucionais serão realizadas. 

“Entendemos que há um mandato do povo. O povo decidiu nesse ponto”, disse. “Podemos estudar os detalhes, mas esse é o mandato principal”. 

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