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Austrália reelege primeiro-ministro conservador: “Milagre”
Líder do Partido Trabalhista era considerado favorito até a véspera da votação
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O primeiro-ministro australiano Scott Morrison se referiu à vitória de sua coalização política nas eleições legislativas neste sábado 18 como um “milagre”. Seu adversário e líder do Partido Trabalhista, considerado favorito até a véspera da votação, admitiu a derrota nas urnas e entregou o cargo.
“Sempre acreditei em milagres. Como a Austrália é formidável”, exclamou Morrison durante a comemoração do triunfo nas urnas diante de seus partidários reunidos em Sydney.
Os primeiros resultados da votação indicam a vitória da coalizão conservadora e liberal atualmente no poder e liderada por Morrison, que governa o país desde 2013. Ela teria conquistado 51,7% das intenções de voto, segundo as estimativas. Já o Partido Trabalhista, de oposição, soma 48,3%.
Os resultados das urnas representam uma grande surpresa e contrariam as sondagens que previam uma vitória da oposição com uma ligeira vantagem. A diferença entre os candidatos diminuiu na reta final de campanha, mas a oposição mantinha o favoritismo.
O líder trabalhista Bill Shorten, depois de assumir o fracasso eleitoral, anunciou sua demissão do cargo. “Está certo que o Partido Trabalhista não terá condições de formar o próximo governo”, declarou. Ele afirmou ter telefonado para Scott Morrison e cumprimentá-lo pela vitória.
Campanha marcada pela violência
Cerca de 17 milhões de eleitores foram convocados para renovar cadeiras na Câmara baixa do parlamento e no Senado da Austrália, onde o voto é obrigatório.
O aquecimento climático teve um grande peso durante a campanha eleitoral após um verão marcado por inundações históricas, temperaturas elevadas recordes, além de incêndios florestais pelo país.
O Partido Trabalhista pregou investimentos em projetos para o desenvolvimento de energias renováveis enquanto os conservadores e liberais alertaram para o fim da economia baseada no carvão e ataques aos custos financeiros do programa dos adversários.
Em Sydney, o ex-primeiro-ministro Tony Abbot, que no passado ficou conhecido por qualificar o aquecimento climático uma “bobagem absoluta”, perdeu a eleição depois de mais de 25 anos atuando no parlamento.
A campanha eleitoral foi marcada por episódios de violência com candidatos agredidos e outros que abandonaram a corrida eleitoral devido a ataques racistas ou sexistas na redes sociais.
A reta final da campanha foi abalada também pela morte do líder trabalhista Bob Hawke, de 89 anos. Ele dirigiu o governo australiano de 1983 a 1991 e era uma figura política muito popular no país, conhecido pelo perfil de conciliador.
A vitória da coalizão liderada por Morrison foi anunciada pela tevê pública ABC. No entanto, analistas ainda não arriscavam dizer se o premiê vai governar com um maioria ou minoria no parlamento australiano.
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