“Sou candidato e vou vencer novamente”, disse um desafiador Joe Biden durante um comício nesta sexta-feira 5 em Wisconsin, um estado-chave no norte dos Estados Unidos, antes de uma entrevista que colocará à prova sua agilidade mental.
“Há pessoas que não se importam com o seu voto” nas primárias, que ele ganhou por uma maioria avassaladora, disse o presidente dos Estados Unidos aos seus seguidores.
“Deixe-me ser claro: sigo na corrida. Vou derrotar Donald Trump nas eleições de novembro”, insistiu para milhares de apoiadores, segundo sua equipe de campanha.
O democrata de 81 anos está lutando pela sua sobrevivência política desde o péssimo desempenho em um debate contra seu antecessor republicano de 78 anos, durante o qual ele se mostrou confuso e até divagou.
Um Biden completamente diferente, combativo e determinado, tentou nesta sexta-feira responder frontalmente às preocupações sobre sua idade, mas o fez com a ajuda de um teleprompter.
“Acham que sou muito velho para vencer Donald Trump?”, perguntou, recebendo uma resposta enfática de “Não!” do público.
“Dose”
O democrata, que saiu do palco ao som de uma canção intitulada “Não Darei um Passo Atrás”, também destacou os tropeços de seu rival, cuja idade e agilidade mental despertam menos preocupações entre a opinião pública.
“Se você se pergunta se Trump está em seu juízo perfeito, já ouviu como ele explicou o 4 de julho quando era presidente?”, apontou Biden, referindo-se ao Dia da Independência dos EUA, declarada em 4 de julho de 1776.
Segundo ele, Trump afirmou que a vitória foi possível devido à tomada de aeroportos, obviamente inexistentes naquela época.
Recomendadas
Chanceler paraguaio diz que Mercosul não é um ‘bloco ideológico’, em resposta à ausência de Milei
Por AFPA explicação de Biden sobre seu desempenho no debate contra Trump
Por AFPHezbollah diz ter lançado salvas de foguetes contra Israel
Por AFPPutin dobra aposta sobre exigências para paz na Ucrânia em reunião com Orban
Por AFP
“É verdade, ele é um gênio completamente estável”, zombou o presidente americano, empregando uma expressão que seu rival usou para elogiar sua própria inteligência.
“O que está em jogo nestas eleições é nossa liberdade. É nossa democracia. É a própria alma dos Estados Unidos. Vocês estão dispostos a lutar por isso? Sei que estão”, proclamou Biden novamente.
Atrás dele, entre o público, um espectador segurava um cartaz que dizia: “Passe o bastão, Joe”.
Um dos assessores mais próximos de Trump, Jason Miller, respondeu no X com ironia ao comício: “Sua equipe deveria ter dado a mesma dose [de medicamentos] durante o debate”.
Entrevista arriscada
Resta ver se Biden mostrará a mesma combatividade em uma entrevista de alto risco com a ABC, cujo primeiro trecho será transmitido às 22h30 GMT (19h30 de Brasília) e o conteúdo completo às 00h30 GMT (21h30).
Nela, o presidente falará sem teleprompter, apenas diante de George Stephanopoulos, jornalista e ex-assessor próximo do presidente democrata Bill Clinton.
O candidato democrata ainda tem muito trabalho pela frente para apagar a desastrosa impressão deixada pelo debate com Trump, cujas repercussões imediatas ele não soube gerenciar.
Como resultado, cresceu a preocupação com sua capacidade mental dentro do Partido Democrata, e algumas vozes pediram que ele ceda lugar a outro candidato.
A mais recente foi a governadora de Massachusetts. “Nestes próximos dias, peço que ouça o povo americano e consider cuidadosamente se ainda é nossa melhor esperança para derrotar Donald Trump”, escreveu a democrata Maura Healey em um comunicado.
A equipe de campanha de Biden intensifica seus esforços. Nesta sexta-feira, lançou um intenso plano de batalha para julho, que inclui um bombardeio de anúncios televisivos e visitas a todos os estados-chave, especialmente no sudoeste do país durante a convenção republicana, de 15 a 18 de julho.
Biden também será o anfitrião de uma cúpula de líderes da Otan na próxima semana e aproveitará para realizar uma coletiva de imprensa, que será cuidadosamente examinada. A coletiva ocorrerá na quinta-feira, informou um funcionário americano que pediu para não ser identificado.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login