Biden vence as primárias de Michigan, mas enfrenta voto de protesto por Gaza

Na disputa entre os republicanos, os canais CNN e NBC projetaram a vitória de Trump poucos segundos após o fim do horário da votação.

Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conquistou uma vitória tranquila na terça-feira (26) nas primárias democratas de Michigan, mas enfrentou um voto de protesto por seu apoio a Israel na guerra de Gaza por parte da significativa comunidade árabe-americana do estado.

Os resultados nos dois partidos já eram esperados: Biden praticamente não tem rivais na disputa pela indicação democrata e Donald Trump declarou vitória antecipada entre os republicanos, que organizam uma votação em duas etapas que será concluída no fim de semana.

Mas dezenas de milhares de democratas optaram por marcar a opção “sem compromisso” como parte de uma campanha de protesto devido ao apoio de Biden a Israel no conflito de Gaza.

Democratas protestam contra o papel de Biden na guerra como aliado de Netanyahu na guerra em Gaza. Como protesto, votos de ‘sem compromisso’ dominaram primária do partido em Michigan.
Foto: JEFF KOWALSKY / AFP

Com quase dois terços dos votos ainda não contabilizados, a opção “sem compromisso” tinha mais de 50.000 votos, mais que o dobro do registrado na apuração final dos últimos três ciclos eleitorais.

Com o aumento do número de mortos civis na guerra entre Israel e o grupo islamista palestino Hamas, o apoio dos muçulmanos e dos árabes americanos a Biden registra a queda. Em 2020, estes eleitores foram cruciais para sua vitória apertada contra Trump em Michigan.


O estado do meio-oeste americano tem a maior proporção de residentes que se identificam com ascendência do Oriente Médio ou do norte da África.

Em um comunicado de agradecimento, Biden recordou o trabalho de sua administração para a classe média de Michigan e reconheceu que ainda há “muito por fazer”, mas não mencionou o conflito em Gaza nem o voto de protesto.

‘Escute Michigan’

Os ativistas de Michigan, conhecido como o estado dos Grandes Lagos, pediram aos eleitores votassem na opção “sem compromisso” em sinal de protesto. Eles desejam pressionar o presidente a exigir um cessar-fogo imediato.

“Hoje me senti orgulhosa de pegar uma cédula democrata e votar ‘sem compromisso'”, declarou Rashida Tlaib, a única palestina-americana no Congresso.

“Quando 74% dos democratas em Michigan apoiam um cessar-fogo, e o presidente Biden não nos escuta, esta é a maneira de usar nossa democracia para dizer ‘Escute Míchigan'”.

O grupo ‘Escute Michigan’ aspirava reunir 10.000 eleitores “sem compromisso” para transmitir uma mensagem “potente e inequívoca” de que financiar e apoiar a guerra está “em desacordo com os valores do Partido Democrata”.

O protesto em nenhum momento ameaçou a vitória tranquila de Biden. Seu principal rival, o congressista por Minnesota Dean Phillips, não chega a 3% dos votos na apuração provisória.

O número significativo de votos “sem compromisso”, no entanto, pode ativar um sinal de alerta para as eleições de novembro, quando Biden não terá o luxo de dividir o partido no estado crucial.

“A guerra começou quando o Hamas atacou Israel em 7 de outubro e matou 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pelas autoridades israelenses.

A preocupação aumentou com o número elevado de civis mortos na campanha de represálias de Israel, que se aproxima de 30.000, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, governada pelo Hamas.

Trump também vence

Durante as primárias de New Hampshire, uma campanha similar foi organizada, mas Michigan tem uma população muçulmana e árabe maior.

A Agência do Censo dos Estados Unidos indica que 310.000 habitantes do estado afirmam ter ascendência do Oriente Médio ou do norte da África.


O ex-presidente dos EUA Donald Trump. Foto: Joseph Prezioso/AFP

Na disputa entre os republicanos, os canais CNN e NBC projetaram a vitória de Trump poucos segundos após o fim do horário da votação.

O ex-presidente venceu com facilidade os primeiros estados que organizaram as primárias e sua série de triunfos seguiu em Michigan.

Sua única rival, a ex-embaixadora na ONU Nikki Haley, perdeu em seu estado natal, Carolina do Sul, no fim de semana, mas se negou a desistir da disputa porque afirma não acreditar que Trump conseguirá derrotar Biden.

Os dois partidos organizaram votações na terça-feira no estado, mas os republicanos utilizam um complexo sistema híbrido que será concluído após quatro dias, com assembleias nos 13 distritos.

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