Mundo
Candidato da extrema-direita francesa aponta metralhadora para jornalistas e é comparado a Bolsonaro
Eric Zemmour é famoso por suas declarações nacionalistas, racistas e sexistas
O pré-candidato às eleições presidenciais da França, Eric Zemmour, causou polêmica esta semana ao apontar uma metralhadora para um grupo de jornalistas durante um evento. O episódio suscitou críticas e o político, que é um dos representantes da extrema-direita atualmente, foi comparado com o líder brasileiro, Jair Bolsonaro.
A cena foi filmada durante uma visita ao Militol, um maiores salões mundiais dedicados à segurança, realizado nos arredores de Paris. Cercado de repórteres, Zemmour apreciava uma metralhadora quando o representante do estande disse: “quando o senhor for presidente, será protegido por esse tipo de arma”.
Nesse momento, o pré-candidato decidiu empunhar a metralhadora e apontar para os jornalistas, antes de dizer, sorrindo: “ça rigole plus, là” (“agora ninguém mais dá risada”). A imagem foi fotografada, filmada e logo viralizou, suscitando debates na classe política.
Enquanto alguns viram na cena algo grotesco, com Zemmour segurando a arma como se fosse um brinquedo, outros interpretaram o ato como uma espécie de ameaça. “Em uma democracia, a liberdade de imprensa não é uma piada e não deve ser nunca ameaçada”, declarou a ministra francesa encarregada da Cidadania, Marlène Schiappa.
Viser des journalistes avec une arme en leur disant « reculez ! » n’est pas drôle.
C’est horrifiant. Surtout après avoir dit sérieusement vouloir « réduire le pouvoir des médias. »
Dans une démocratie, la liberté de la presse n’est pas une blague et ne doit jamais être menacée. https://t.co/L9kOPN0zD6— 🇫🇷 MarleneSchiappa (@MarleneSchiappa) October 20, 2021
Ao analisar o episódio durante debates em emissoras de rádio e televisão, vários comentaristas compararam Zemmour a Donald Trump e Jair Bolsonaro. “As imagens lembram alguns dirigente populistas, como o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, um ex-capitão cujo gesto que o caracteriza é o sinal de uma pistola”, disse o correspondente da agência de notícias Bloomberg em Paris, Samy Adghirni. O jornalista ressaltou ainda que Trump “também havia adotado um culto às armas de fogo”.
Zemmour no segundo turno
O episódio acontece na mesma semana em que Zemmour, um ex-jornalista sem nenhuma experiência em cargos políticos, desponta nas pesquisas de opinião para a corrida presidencial de abril 2022, antes mesmo de todas as candidaturas oficiais serem anunciadas. Segundo um estudo encomendado pelo jornal Le Monde, divulgado nesta sexta-feira 22, o ex-jornalista aparece com 16% das intenções de voto, à frente da líder tradicional da extrema-direita, Marine Le Pen, que registra 15%.
Se a eleição fosse hoje, Zemmour, que é famoso por suas declarações nacionalistas, racistas e sexistas, iria para o segundo turno e enfrentaria o atual presidente Emmanuel Macron. O chefe de Estado ainda não anunciou sua candidatura oficial, mas lidera as pesquisas de opinião há meses.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.