Chanceler paraguaio diz que Mercosul não é um ‘bloco ideológico’, em resposta à ausência de Milei

Presidente argentino decidiu participar de uma conferência conservadora e não do encontro do bloco

Milei, presidente da Argentina. Foto: World Economic Forum/Ciaran McCrickard

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O ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez, afirmou nesta sexta-feira 5 que o Mercosul não é “um bloco ideológico”, mas sim “de integração”, em resposta à ausência do presidente argentino, Javier Milei, na próxima cúpula de presidentes em Assunção.

“O grande objetivo é a integração no meio de diferentes pontos de vista”, disse Ramírez à AFP, optando por não comentar diretamente a ausência de Milei na primeira reunião regional desde que assumiu a presidência.

“Não buscamos um bloco ideológico, mas sim a integração como objetivo”, acrescentou o chanceler do Paraguai, que passará a presidência rotativa para o Uruguai ao término do encontro na segunda-feira.

Ao faltar à 64ª cúpula de chefes de Estado do bloco, Milei evita um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem tem mantido repetidos desentendimentos.

Em vez disso, o mandatário argentino participará no final de semana de uma conferência conservadora no Brasil, evento que também vai contar com a presença do ex-presidente de extrema direita, Jair Bolsonaro.

Com a presença do presidente da Bolívia, Luis Arce, os Estados-membros formalizarão a entrada do país andino, que ainda precisa ajustar suas normas aduaneiras, no Mercosul.


Após oito anos de negociações, a entrada da Bolívia foi aprovada em dezembro do ano passado na última cúpula do Mercosul, mas a lei que ratifica a adesão foi promulgada por Arce apenas nesta sexta-feira, depois de ter sido aprovada pelo Congresso.

Nas reuniões preparatórias em Assunção, foi oficialmente iniciada a rodada de conversas com os Emirados Árabes Unidos para a assinatura de um acordo de livre comércio, informou Ramírez.

O bloco também retomará as arrastadas negociações com a União Europeia após a conclusão das eleições no continente europeu, e espera-se que o Uruguai, que impulsiona um acordo com a China, insista novamente na necessidade de o Mercosul ser mais “flexível” em suas negociações com terceiros.

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