China diz que cercou Taiwan para testar “tomada de poder”

Manobras militares chinesas em torno da ilha entram no segundo dia. Segundo regime de Pequim, militares querem testar capacidade de "controlar territórios chave" de Taiwan. UE e ONU pedem contenção

Taiwan mobilizou o Exército após a presença de navios militares chineses ao redor da ilha. Foto: I-Hwa CHENG / AFP

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O regime chinês afirmou nesta sexta-feira (24/05) que as manobras militares em curso no entorno de Taiwan têm como objetivo testar a capacidade para “tomar o poder” na ilha.

Segundo os chineses, os exercícios militares, que começaram na manhã de quinta-feira, visam testar a “capacidade de tomar o poder e realizar ataques conjuntos, bem como controlar territórios chave”, disse o porta-voz do Exército chinês, Li Xi.

Os exercícios chineses tiveram início três dias após Lai Ching-te, conhecido como Wiliam Lai, tomar posse como novo presidente de Taiwan. A China reivindica Taiwan como parte do seu território e vem rotulando Lai como “um separatista perigoso”.

Em seu discurso de posse, Lai havia pedido ao regime de Pequim para interromper “a intimidação política e militar contra Taiwan” e instou o país a “manter a paz e estabilidade” na região. O território de 23 milhões de habitantes opera como uma entidade política soberana, com diplomacia e exército próprios, apesar de oficialmente não ser independente.

Na quinta-feira, o porta-voz chinês Li Xi já havia descrito os exercícios como uma “punição severa para os atos separatistas das forças da ‘independência de Taiwan’ e uma advertência severa contra a interferência e provocação de forças externas”.

A resposta de Taiwan à ação da China foi imediata e envolveu a mobilização de suas Forças Armadas.


“O exercício militar desta vez não só não ajuda na paz e na estabilidade no Estreito de Taiwan, mas também destaca a mentalidade militarista do Partido Comunista chinês, que é a essência do expansionismo militar e da hegemonia”, disse o Ministério da Defesa Nacional (MND) de Taiwan em um comunicado divulgado na quinta-feira.

O ministério também condenou “firmemente as ações e provocações irracionais que minam a paz e a estabilidade regionais”. “Mobilizamos forças marítimas, aéreas e terrestres para responder e defender a liberdade, democracia e soberania” da ilha, acrescentou a pasta.

Por fim, os militares de Taiwan apontaram que, “nos últimos anos, o Partido Comunista chinês continuou a enviar aviões e navios para assediar [Taiwan], causando danos substanciais à paz e à estabilidade globais”. O presidente Lai, por sua vez, garantiu na quinta-feira que o território vai “defender os valores da liberdade e da democracia”.

UE e ONU pedem contenção

A União Europeia (UE) rejeitou na quinta-feira qualquer alteração pela força da situação no Estreito de Taiwan e manifestou a sua oposição a ações unilaterais com esse objetivo, numa referência aos exercícios militares da China na região.

O porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, também pediu na quinta-feira contenção no Estreito de Taiwan e pediu às partes para se “absterem de qualquer ação que possa agravar as tensões”.

A última vez que a China anunciou exercícios militares semelhantes em torno de Taiwan foi em agosto, por ocasião de uma escala de Lai nos Estados Unidos durante uma viagem ao Paraguai.

(Lusa, DW, ots)

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