Depois de Joe Biden ter sido declarado vencedor na eleição presidencial de 2020, vários apresentadores da Fox News, a poderosa rede que alimenta o pulso dos norte-americanos conservadores, veicularam alegações bizarras e falsas sobre a votação. Muitas tinham a ver com a Dominion, empresa de equipamentos de votação fundada em 2003, da qual a maioria dos eleitores nunca tinha ouvido falar. Repetidamente, a Fox transmitiu a mentira de que as máquinas da Dominion fraudaram a eleição e inverteram os votos. Foi divulgada a mentira de que a empresa havia sido fundada na Venezuela para fraudar as eleições de Hugo Chávez. E a mentira de que tinha subornado funcionários do governo dos EUA para adotarem suas máquinas.
Nenhuma dessas afirmações era verdadeira e os apresentadores, produtores e executivos da Fox sabiam. Um impressionante conjunto de comunicações internas obtido pela Dominion mostra uma descrença generalizada na empresa. Todos, do CEO da Fox, Rupert Murdoch, aos principais apresentadores, como Sean Hannity e Tucker Carlson, sabiam que as denúncias eram falsas, apesar de a rede continuar a exibi-las para milhões de espectadores. Essas mensagens e reivindicações estão agora no centro de um julgamento com júri de seis semanas, de grande sucesso, iniciado na terça-feira 18 em Wilmington, no estado de Delaware. A Dominion processa a Fox News e sua controladora Fox Corporation por difamação, e pede ao menos 1,6 bilhão de dólares para cobrir os danos à reputação sofridos em consequência das mentiras. O júri também pode optar por impor indenizações punitivas adicionais.
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