EUA: Começa julgamento civil contra Trump por estupro

Além da acusação, Trump enfrenta uma série de problemas legais que ameaçam suas aspirações de voltar à Casa Branca nas eleições de 2024

Foto: ALON SKUY / AFP

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Um julgamento civil por estupro contra o ex-presidente Donald Trump, acusado pela jornalista americana E. Jean Carroll de tê-la estuprado nos anos 1990, começou nesta terça-feira 25 com a seleção do júri em um tribunal nova-iorquino.

A escritora e ex-jornalista garante que Trump a estuprou nos provadores de uma loja de Nova York e depois a difamou quando ela o acusou publicamente anos mais tarde.

Trump, de 76 anos, enfrenta uma série de problemas legais que ameaçam suas aspirações de voltar à Casa Branca nas eleições de 2024. O julgamento de hoje começa semanas depois da acusação criminal do ex-presidente pela Procuradoria de Nova York por supostamente ter subornado uma estrela pornô.

Carroll, ex-colunista da revista Elle, alega que foi estuprada por Trump no provador da luxuosa Bergdorf Goodman, em Nova York, na Quinta Avenida, em 1995 ou 1996.

Segundo a denunciante, de 79 anos, o estupro aconteceu logo depois que Trump lhe pediu opinião para comprar uma lingerie de presente.

Carroll, que compareceu nesta terça ao tribunal, descreveu os fatos pela primeira vez em um livro que teve um trecho publicado pela New York Magazine em 2019.


Trump respondeu, então, que não conhecia Carroll, que ela não fazia seu “tipo” e que estava “mentindo totalmente”.

Carroll processou Trump por difamação em 2019, mas não pôde incluir a acusação de estupro porque já havia expirado o prazo para apresentá-la.

Porém, em 24 de novembro de 2022, uma nova lei entrou em vigor em Nova York, a “Adult Survivors Act”, que permite, durante um ano, que vítimas de ataques sexuais apresentem ações na esfera civil.

Com base nesta lei, os advogados de Carroll apresentaram, então, uma nova ação na qual acusam Trump de “apalpá-la, tocá-la e estuprá-la”.

Trump também é acusado de difamação por uma mensagem em sua rede social Truth Social, em outubro, na qual nega as acusações de estupro e se refere à Carroll como uma “vigarista completa”.

Dano psicológico

Após a seleção dos nove membros do júri, as equipes de advogados das partes apresentarão seus argumentos.

A autora da ação estava sentada na sala junto à sua advogada Roberta Kaplan, que, apesar de ter o mesmo sobrenome que o juiz, descartou qualquer parentesco.

Caroll pede indenizações por perdas e danos devido a “dor e sofrimento significativos, danos psicológicos e financeiros duradouros, perda da dignidade e autoestima e invasão de intimidade”. Também pede que Trump se retrate de seus comentários.

Cerca de dez mulheres acusaram Trump de conduta sexual inapropriada. Ele sempre negou as acusações e nunca precisou responder por isso em um tribunal.

O caso Carroll não tramitará na esfera penal, mas se Trump perder será, pela primeira vez, considerado legalmente responsável de agressão sexual.

O ex-presidente falou sob juramento no caso e não se espera que preste depoimento como testemunha no julgamento, que pode durar de uma a duas semanas, já que os advogados de Carroll declararam que não têm a intenção de arrolá-lo.

Trump é o primeiro presidente americano a ser acusado criminalmente por 34 crimes, entre eles pelo suposto pagamento oculto, em dinheiro, para comprar o silêncio da atriz pornô Stormy Daniels, na reta final da campanha às eleições presidenciais de 2016, sobre um suposto relacionamento que teriam tido uma década antes, o que o magnata sempre negou.


Trump também é investigado por tentar reverter sua derrota nas eleições de 2020 no estado da Geórgia (sul), por uma suposta má gestão de documentos oficiais retirados da Casa Branca e pelo possível envolvimento no ataque ao Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021.

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