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Começam negociações sobre reforma judicial que divide Israel
Netanyahu manifestou a vontade de dar “uma oportunidade ao diálogo” para conseguir aprovar um texto com maior consenso na sessão parlamentar que terá início em 30 de abril
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O presidente de Israel, Isaac Herzog, iniciou, nesta terça-feira (28), uma “reunião de diálogo” entre partidos da situação e oposição sobre a reforma judicial promovida pelo primeiro-ministro conservador, Benjamin Netanyahu, e que divide o país.
Herzog “está reunido atualmente com as equipes de trabalho que representam a coalizão no poder, o partido (de oposição) Yesh Atid e o (também opositor) partido da União Nacional”, informou um comunicado oficial publicado pouco antes das 20h00 locais (14h00 de Brasília).
Os dois principais líderes desses partidos de oposição centristas, Yair Lapid e Benny Gantz, respectivamente, haviam dito anteriormente que estavam dispostos a participar de discussões sob a égide de Herzog.
No entanto, ambos alertaram contra qualquer manobra de Netanyahu, que na segunda-feira colocou em “pausa” seu projeto de reforma judicial diante da onda de protestos que desde janeiro sacodem Israel e que nos últimos dias paralisaram hospitais, aeroportos e outros serviços.
“Quando há uma possibilidade de impedir uma guerra civil através do diálogo, como primeiro-ministro eu faço uma pausa para o diálogo”, declarou o primeiro-ministro em um discurso televisionado.
Netanyahu manifestou a vontade de dar “uma oportunidade ao diálogo” para conseguir aprovar um texto com maior consenso na sessão parlamentar que terá início em 30 de abril.
O anúncio marcou uma reviravolta na postura do chefe de governo, que no domingo destituiu seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, por advogar a favor dessa mesma decisão de interromper o processo.
O Likud (direita), partido de Netanyahu, confirmou participação no diálogo na residência de Herzog, mas ainda não se sabe se participam também representantes de seus aliados de extrema direita e ultraortodoxos.
Os partidos da oposição avisaram que abandonariam “imediatamente” a negociação se o governo enviasse ao Parlamento uma das medidas mais controversas da reforma, sobre a composição da comissão que nomeia os juízes.
“Derrota esmagadora”
Para alguns analistas, a iniciativa de Netanyahu é uma jogada para sair das cordas.
O primeiro-ministro “soube transformar, com belas palavras, uma derrota esmagadora em empate”, escreveu Nahum Bernea, editorialista do diário Yediot Aharonot.
“Pouco importa o que diga ou faça, me parece que ele não goza de muita confiança, nem sequer entre os milhares de manifestantes de direita de ontem”, acrescentou, referindo-se à primeira contramanifestação convocada na segunda-feira em Jerusalém pelos apoiadores da reforma.
O governo afirma que a reforma pretende reequilibrar os poderes, dando maiores responsabilidades ao Parlamento em detrimento da Suprema Corte, que considera politizada.
Seus oponentes sustentam, ao contrário, que a reforma compromete a independência do judiciário e corre o risco de abrir a porta para um caminho autoritário.
Sem volta
A crise revelou profundas divisões na instável coalizão de Netanyahu.
O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, disse no Twitter na segunda-feira que “não haverá volta” na reforma judicial.
O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, convocou seus apoiadores a se manifestarem a favor das reformas.
O partido Otzma Yehudit (Poder Judaico) de Ben Gvir revelou na segunda-feira que a decisão de adiar o processo de aprovação da reforma inclui um acordo para expandir sua pasta, após ameaças de renuncia caso o projeto seja suspenso.
O jornalista político Yosi Verter escreveu no diário esquerdista Haaretz que a pausa foi “uma vitória para os manifestantes, mas quem realmente quebrou e pisoteou (o primeiro-ministro) foi Itamar Ben Gvir”.
“Netanyahu saiu dessa história como uma laranja exprimida”, afirmou Verter.
A crise atingiu a imagem da coalizão entre o público israelense três meses depois de chegar ao poder.
Uma pesquisa realizada pelo Canal 12 previu que o governo perderia sua maioria no Parlamento de 120 assentos se novas eleições fossem realizadas.
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