Congressistas dos EUA pedem que Biden cancele o visto de Bolsonaro

O grupo também defende que 'se investigue qualquer ação tomada em solo americano para ajudar a insurreição' em Brasília

Foto: NELSON ALMEIDA / AFP

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Um grupo de 46 congressistas do Partido Democrata pediu ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que revogue o visto do ex-presidente Jair Bolsonaro, dias depois do ataque de bolsonaristas contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília.

Em uma carta, o grupo pede que “se investigue qualquer ação tomada em solo americano para ajudar a insurreição e que se revogue qualquer visto americano” que tenha Bolsonaro. Ele viajou aos Estados Unidos pouco antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em 1º de janeiro.

Supõe-se que Bolsonaro continue em Orlando, onde chegou a ser hospitalizado por problemas digestivos. Ele recebeu alta na terça-feira 10.

Ele entrou nos Estados Unidos ainda na condição de presidente do Brasil. Então, é possível que tenha utilizado um visto A-1, reservado a pessoas em visita diplomática ou oficial.

“Como ele já não é o presidente nem exerce cargo como funcionário brasileiro, lhe pedimos que volte a avaliar o status dele no país para determinar se existe base legal para sua estada e revogar qualquer visto diplomático que ele possa ter”, afirmam os congressistas.

“Não devemos permitir que Bolsonaro ou qualquer outro ex-funcionário brasileiro se refugie nos Estados Unidos para escapar da Justiça por qualquer crime que tenha cometido durante seu mandato, e devemos cooperar plenamente com qualquer investigação do governo brasileiro sobre suas ações, se isto for solicitado.”


Eles pedem ainda que o Departamento de Justiça e outras agências federais responsabilizem qualquer indivíduo ou organização baseada na Flórida “que possa ter financiado ou apoiado” as ações de violência em 8 de janeiro.

Joe Biden ofereceu seu apoio “inabalável” à democracia brasileira durante um telefonema a Lula, a quem convidou para visitar a Casa Branca em fevereiro.

Na quarta 11, em uma coletiva de imprensa, o secretário de Estado, Antony Blinken, disse que os Estados Unidos não receberam qualquer pedido do Brasil, mas ressaltou que responderia “rapidamente” caso recebesse.

No documento, os congressistas democratas acusam Bolsonaro de ter ameaçado as instituições democráticas durante o seu mandato e de ter promovido a ideia de que o sistema de votação com urnas eletrônicas seria fraudulento.

“Sua difusão de desinformação, sua recusa a pedir a seus partidários que aceitassem os resultados das eleições e suas convocações ativas para realizar mobilizações contra as instituições democráticas incitaram milhares de manifestantes a invadir edifícios governamentais e a participar de atos violentos”, argumentam.

Os Estados Unidos vivenciaram cenas similares aos ataques do último domingo em Brasília, quando simpatizantes do ex-presidente republicano Donald Trump invadiram o Capitólio, em janeiro de 2021, para tentar impedir a confirmação da vitória eleitoral de Biden.

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