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Corte em universidades brasileiras repercute negativamente na Europa
Jornal francês Le Monde publicou manifesto de pesquisadores internacionais contra medida que afeta ciências sociais
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A edição desta quinta-feira 9 do jornal francês Le Monde traz um manifesto, assinado por mais de 1.400 pesquisadores internacionais, que “se preocupam diante da decisão de Jair Bolsonaro de acabar com subvenções públicas” para as ciências sociais. Na lista dos signatários estão nomes conhecidos como Judith Butler, autora do livro revolucionário “Problemas de gênero”.
Entre os franceses que também assinam o documento em protesto contra o corte de verbas para o ensino superior no Brasil estão Michel Bozon, autor de “Sociologia da Sexualidade”, e Éric Fassin, professor da Université Paris 8. Ambos são figuras conhecidas do meio universitário na França.
O texto lembra o anúncio feito pelo ministro da Educação, Abraham Weintraud, de reduzir 30% na verba para os cursos de ciências humanas, além de citar a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que era preciso focar em cursos que “dão retorno imediato” ao contribuinte. “Através desse manifesto internacional, alertamos para as graves consequências dessa medida”, escrevem os pesquisadores.
“Em primeiro lugar, a educação, de forma geral, não pode gerar um retorno imediato; trata-se de um investimento nacional nas próximas gerações”, continua o texto publicado no jornal Le Monde. “Em segundo lugar, as economias modernas exigem não somente competências técnicas especializadas, mas também uma formação intelectual vasta e geral para seus cidadãos.”
“Nossa sociedade precisa de educação”
Os autores do texto também reiteram que não cabe à “classe política” decidir o que é ou não é um “conhecimento de qualidade”. “A avaliação dos saberes e de sua utilidade não deve acontecer dentro da conformidade de uma ideologia dominante”, escrevem.
“As ciências sociais não são um luxo. (…) Como pesquisadores de diversas áreas, nós compartilhamos uma convicção profunda de que nossas sociedades, incluindo a brasileira, precisam de mais – e não menos – educação. A inteligência coletiva é uma fonte econômica e um valor democrático”, concluem os especialistas.
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