Caminhando da Suprema Corte dos EUA até o Capitólio, segurando no alto uma placa que dizia “Meu corpo, minha escolha” e “É direito das mulheres escolher”, Taylor Treacy não conseguia entender como tinha menos direitos constitucionais naquele momento do que quando ela acordou, de manhã. “É de partir o coração”, disse a jovem de 28 anos, que trabalha com marketing esportivo. “As pessoas que fizeram abortos legalmente são principalmente mulheres negras e pardas, mas os cinco juízes capazes de dar a palavra final foram quatro homens poderosos e uma mulher branca. Estamos permitindo mais acesso a armas, mas estamos tirando os direitos das mulheres. Parece que estamos retrocedendo.”
Milhões de mulheres acabavam de perder o acesso ao aborto na sexta-feira 24, após o mais alto tribunal dos EUA revogar uma decisão de quase 50 anos e outros precedentes que consagravam esse direito. O juiz conservador Samuel Alito escreveu na opinião majoritária do tribunal que a decisão do caso Roe vs. Wade, que permitiu o aborto, era “extremamente errada e profundamente prejudicial”, e que os estados deveriam decidir se limitam ou criminalizam o procedimento. “Com pesar – por este Tribunal, mas mais pelos muitos milhões de mulheres americanas que hoje perderam uma proteção constitucional fundamental –, discordamos”, respondeu a minoria liberal da Corte. Prevê-se que a decisão levará à proibição do aborto em cerca de metade dos estados americanos.
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