Mundo

Diante de impasse político, Sergio Mattarella é reeleito presidente da Itália

Aos 80 anos, o atual chefe de Estado, que não era candidato, começará um novo mandato de sete anos

Sergio Mattarella é reeleito presidente da Itália.
Apoie Siga-nos no

Após quase uma semana de debates e seis turnos de votação sem alcançar um consenso, o Parlamento italiano decidiu reeleger neste sábado 29 Sergio Mattarella para a presidência do país. Aos 80 anos, o atual chefe de Estado, que não era candidato, começará um novo mandato de sete anos.

Mattarella foi reeleito com 759 votos entre os 1.009 grandes eleitores (senadores, deputados e responsáveis regionais convocados para a votação). Ele aceitou iniciar um novo mandato diante do impasse político que se consolidou durante uma semana de debates intensos entre os parlamentares.

O processo, feito com votos secretos e sem candidatos oficiais, começou na segunda-feira 24. Apesar de todos os partidos políticos com representação no Parlamento, com exceção o Irmãos da Itália de extrema-direita, fazerem parte da coalizão do governo, a divisão reinou durante o pleito.

Apesar das negociações, poucos nomes se destacavam. Os representantes do bloco de direita se abstiveram em alguns turnos, enquanto os do bloco de esquerda votaram em branco várias vezes, confirmando a reputação da eleição presidencial italiana, muitas vezes comparada aos conclaves para escolher o novo papa.

Presidente tem papel secundário

O chefe de Estado tem um papel secundário na vida política italiana, já que o poder é concentrado principalmente nas mãos do presidente do Conselho, o equivalente do primeiro ministro, cargo ocupado atualmente por Mario Draghi. No entanto, o presidente tem o poder de dissolver o Parlamento em caso de crise, dá a última palavra na escolha do premiê e pode recusar o mandato se considerar que as coalizões de governo são muito frágeis.

O próprio Draghi chegou a ser apontado como favorito para substituir Mattarella, mas logo foi boicotado pelos grandes eleitores. Todos temiam que, em caso de vitória do presidente do Conselho, a complexa coalizão que ele dirige e que levou meses para ser formada desmorone, desencadeando eleições antecipadas, antes das legislativas previstas para 2023.

Mattarella, que disse várias vezes que não queria permanecer no cargo, acabou sendo escolhido pela falta de outros candidatos de peso e como uma solução para manter a estabilidade em um momento de retomada econômica da terceira economia da zona euro após a crise sanitária ligada à pandemia de Covid-19. “Essa é uma notícia maravilhosa para os italianos”, declarou Draghi em um comunicado.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo