‘Diria a mesma coisa’: Lula reitera crítica a Israel, mas afirma não ter mencionado o Holocausto

As declarações foram concedidas ao jornalista Kennedy Alencar, da RedeTV!

O presidente Lula. Foto: Evaristo Sá/AFP

Apoie Siga-nos no

O presidente Lula (PT) disse não se arrepender de classificado como “genocídio” a ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza e afirmou que não utilizou a palavra “Holocausto” para se referir às mortes provocadas pelo conflito no enclave palestino. Ele também atribuiu a interpretação ao governo israelense.

As declarações foram concedidas ao jornalista Kennedy Alencar, da RedeTV! e do UOL. A íntegra da entrevista vai ao ar na noite desta segunda-feira 27.

“Diria a mesma coisa. Porque é exatamente o que está acontecendo na Faixa de Gaza. A gente não pode ser hipócrita de achar que uma morte é diferente da outra“, afirmou. “Você não tem na Faixa de Gaza uma guerra de um exército altamente preparado contra outro exército altamente preparado. Você tem uma guerra contra mulheres e crianças”.

Mais adiante, o petista reafirmou a posição do Brasil em condenar os ataques terroristas do Hamas, em outubro do ano passado, mas afirmou que não podia “ver o exército de Israel fazendo com inocente a mesma barbaridade”.

“Quantas pessoas do Hamas já foram apresentadas mortas? Você inventa determinadas mentiras e passa a trabalhar como se fosse verdade. Primeiro, porque eu não disse nem a palavra Holocausto. Holocausto foi a interpretação do primeiro-ministro de Israel, não foi minha”, completou.

O presidente também destacou o esforço da diplomacia brasileira em cobrar um cessar-fogo no conflito e a criação de um corredor humanitário para a entrada de alimentos e socorro médico em Gaza.


“O que nós estamos clamando: que pare os tiroteios, que permita que tenha a chegada de alimento, remédio, de médico, para que a gente tenha um corredor humanitário e tratar das pessoas”, pontuou. “Agora veja, eu não esperava que o governo de Israel fosse compreender. Porque eu conheço o cidadão historicamente já há algum tempo, eu sei o que ele pensa ideologicamente”.

Durante coletiva de imprensa na Etiópia, Lula não utilizou, de fato, ipsis litteris a palavra “Holocausto”, mas a expressão “quando Hitler resolveu matar os judeus.”

Ainda assim, a diplomacia israelense reagiu furiosamente, cobrou retratação e tornou o presidente brasileiro persona non grata – o termo é utilizado para indicar que um chefe de Estado não é bem-vindo naquele país.

O governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu aplicou uma reprimenda pública no embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer. Em resposta, Lula retirou o embaixador de Tel Aviv, convocando-o para consultas, gesto diplomático que agravou a escalada da crise.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.