Mundo

Em recado aos EUA, Rússia alega ter ‘poder para colocar os inimigos em seu lugar’

Para o vice-secretário do Conselho de Segurança, Dmitry Medvedev, os norte-americanos alimentam uma ‘repugnante’ russofobia

Bandeira russa tremula no Kremlin. Foto: Alexander NEMENOV / AFP
Apoie Siga-nos no

O governo da Rússia afirmou nesta quinta-feira 17 ser capaz de colocar “em seu lugar” os Estados Unidos, maior potência ocidental. Declarou, também, que o Ocidente tem um plano russófobo em andamento.

Para o vice-secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev (que presidiu o país entre 2008 e 2012), os Estados Unidos alimentam uma “repugnante” russofobia.

“Não vai funcionar. A Rússia tem o poder de colocar todos os nossos imprudentes inimigos em seu lugar”, disse Medvedev, citado pela agência Reuters.

Na véspera, em um grave pronunciamento no Kremlin, o presidente Vladimir Putin já havia disparado contra tentativas ocidentais de “cancelar” a Rússia com a “proibição” de música, cultura e literatura do país. “Há apenas um objetivo”, argumentou: “A destruição da Rússia”.

O Ocidente, nas palavras de Putin, trava uma guerra “total e não disfarçada” contra a Rússia. Ele também comparou as sanções ocidentais e os pogroms antissemitas executados por nazistas.

As sanções preocupam Moscou. No discurso em que atacou as potências ocidentais, Putin argumentou que a economia russa se adaptará às novas realidades, mas admitiu que pode haver aumento da inflação e do desemprego. A reação dos Estados Unidos também mira, neste momento, a tentativa da Rússia de ampliar sua influência na América Latina.

A visão do governo norte-americano é de que Moscou ameaça “desestabilizar” as Américas, segundo acusação do chefe da diplomacia americana para a América Latina e o Caribe. Ele alertou na quarta 16 que Washington “tomará medidas” para defender seus interesses.

“Houve ameaças, nem mesmo veladas, de funcionários do alto escalão russos, que estariam tentando tirar proveito de suas alianças” nas Américas para “desestabilizar” a região, disse Brian Nichols, durante um evento organizado pelo Diálogo Interamericano em Washington. “Isso é inaceitável e tomaremos medidas para defender nossa segurança nacional e nossos interesses nacionais.”

No lado russo, apesar do vigor das declarações, as punições impostas pelo Ocidente são sentidas. O país esteve, por exemplo, próximo de um calote na dívida nesta quinta. O Ministério das Finanças, porém, disse ter pago os juros de dois títulos estrangeiros, em meio aos temores de um possível default.

Moscou tinha até 16 de março para desembolsar 117 milhões de dólares, o primeiro de uma série de pagamentos com vencimento em março e abril. Parte das reservas russas no exterior, cerca de 300 bilhões de dólares, está congelada como parte das sanções, o que ampliou o risco de calote.

As sanções também paralisaram parte dos sistemas bancário e financeiro do país e derrubaram o rublo.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo