Embaixada russa cita ‘maquiagem realista’ e diz que fotos de vítimas de ataque a maternidade são falsas

A representação russa em Londres afirmou que o local 'estava há muito inoperante' e era usado por 'forças radicais, notadamente o Batalhão Azov'

Foto: Handout / National Police of Ukraine / AFP

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A Rússia continua a negar qualquer ataque a civis após o bombardeio de uma maternidade em Mariupol, na Ucrânia. Pelas redes sociais, a embaixada russa em Londres afirmou que “a maternidade estava há muito tempo inoperante” e que o local era usado por “forças armadas e radicais, notadamente o neonazista Batalhão Azov”.

Além da mensagem, a página ligada ao Kremlin publicou duas fotos que mostrariam vítimas do ataque com a indicação de “falsas”. Questionado por um usuário se o Batalhão Azov “se disfarçou de mulheres grávidas”, o perfil da embaixada respondeu: “Não, é a blogueira grávida Marianna Podgurskaya. Ela realmente desempenhou os papéis de ambas as mulheres grávidas nas fotos. E as primeiras fotos foram tiradas pelo famoso fotógrafo propagandista Evgeniy Maloletka, em vez de socorristas e testemunhas, como seria de se esperar”.

Após outra usuária da rede social escrever que “ela está grávida, seu fdp”, a página russa completou: “Ela está, mesmo. Ela tem uma maquiagem muito realista. Ela também está indo bem com seus blogs de beleza. Além disso, ela não poderia estar na maternidade no momento do ataque, já que há muito tempo o local foi tomado pelo Batalhão Azov, que disse a todos os funcionários para deixar o local”.

Mais cedo, após uma reunião sem acordo com o chanceler da Ucrânia, Dmytro Kuleba, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, tentou justificar o ataque à maternidade.

“Esse hospital foi retomado há tempos pelo Batalhão Azov e por outros radicais”, declarou, em entrevista. “Todas as mulheres que iam dar à luz, todas as enfermeiras e todo pessoal de apoio haviam sido expulsos.”

Na entrevista, o ministro também disse que a Rússia está disposta a seguir com as negociações com a Ucrânia no mesmo formato dos primeiros encontros, ocorridos em Belarus. A reunião desta quinta aconteceu na Turquia.


Do outro lado, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que o bombardeio é a “prova final de que está acontecendo um genocídio de ucranianos”. Ele classificou o ataque como um “crime de guerra” que simbolizava “todo o mal que os ocupantes russos” levavam ao país.

“Hospital infantil? Ala de maternidade? Por que eles eram uma ameaça para a Rússia?”, perguntou Zelensky em vídeo publicado nas redes sociais.

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