O embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms, anunciou, na sexta-feira 20, que o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, visitará o Brasil no próximo dia 30. Ele terá um encontro bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Além da presença de Olaf Scholz, o embaixador confirmou a vinda de Svenja Schulze, a ministra alemã da Cooperação. “Estamos prontos para lutar juntos pela proteção da floresta tropical e pelo desenvolvimento socialmente justo e inclusivo”, comentou Thoms.
O Chanceler da Alemanha acabou de confirmar a sua vinda ao Brasil no dia 30 de janeiro! Ele e a delegação de representantes do setor econômico da Alemanha se reunirão com o Presidente Lula e outros representantes do governo. Sinal de fortalecimento da cooperação entre 🇧🇷 e 🇩🇪! pic.twitter.com/fBt0RZep9r
— Embaixador Heiko Thoms (@AmbBrasilia) January 20, 2023
A visita já tinha sido antecipada pelo presidente Lula. O anúncio de Thoms, porém, é a primeira confirmação da visita feita por uma autoridade diplomática alemã.
O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, esteve em Brasília (DF) durante a posse de Lula, no dia 1 de janeiro. Naquela oportunidade, ele teve um encontro bilateral com o presidente brasileiro e comentou que “é bom saber que o Brasil está de volta aos palcos internacionais”. Durante a visita de Steinmeier, a Alemanha anunciou o desbloqueio de 35 milhões de euros para o Fundo Amazônia, visando compensar a redução do desmatamento na floresta amazônica durante o ano de 2017.
O Fundo Amazônia foi criado em 2008 e recebe doações internacionais. Seu objetivo é financiar medidas de prevenção e combate ao desmatamento na área conhecida como Amazônia Legal. Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), houve bloqueio das doações da Alemanha e da Noruega para o fundo, por decisão do então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Em 2019, por exemplo, ele extinguiu os colegiados Comitê Orientador e Comitê Técnico, responsáveis pela gestão dos recursos do fundo.
Impactada pela postura de Bolsonaro de abandonar o debate global sobre a preservação ambiental, a relação entre Brasil e Alemanha, nos últimos quatro anos, foi marcada pelo distanciamento. Nem o atual chanceler alemão, nem Angela Merkel (ex-primeira ministra) visitaram o Brasil, tampouco Bolsonaro foi convidado para visitar o país europeu. Bolsonaro protagonizou, também, ataques verbais ao governo alemão, principalmente quando cobrado por uma maior proteção ambiental no Brasil.
A visita de Scholz sinaliza para a reaproximação. No seu primeiro dia de mandato, Lula assinou um decreto que autorizou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a voltar a captar doações feitas para o Fundo Amazônia. A medida visou cumprir a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de novembro do ano passado, que determinou que o governo brasileiro reativasse o fundo em até 60 dias.
Após o decreto de Lula, a expectativa inicial é de que 3 bilhões de reais possam ser investidos no fundo.
Além da questão ambiental, a visita de Scholz ao Brasil deverá ser marcada pela discussão sobre meios de ampliação das relações comerciais bilaterais. Outro ponto importante será a atuação da extrema direita em vários países e o fortalecimento da democracia. No dia seguinte à invasão golpista às sedes dos Três Poderes, em Brasília, Scholz condenou os ataques, através do Twitter.
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