Embargo europeu às importações de petróleo bruto da Rússia entra em vigor na União Europeia

Desde a invasão da Ucrânia, no final de fevereiro, até outubro, as exportações de petróleo russo já recuaram 40% e houve queda de 20% a 25% nos produtos refinados

Foto: DELIL SOULEIMAN / AFP

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O embargo europeu às importações do petróleo russo que chega ao bloco por via marítima entrou em vigor nesta segunda-feira (5) na União Europeia. O diário econômico francês Les Echos destaca uma medida “histórica”, apesar da isenção concedida pelos demais países do bloco à Hungria. Esta primeira rodada de sanções deve ser seguida, em fevereiro de 2023, pela proibição de importação de todos os derivados russos, especialmente o diesel.

O pequeno país do leste europeu, governado pelo primeiro-ministro ultraconservador Viktor Orbán, aliado do presidente russo, Vladimir Putin, é muito dependente das importações do produto russo e se opõe à política de sanções econômicas da Comissão Europeia. A Hungria recebe o petróleo bruto proveniente da Rússia por oleoduto e enfrenta dificuldades para diversificar seus suprimentos, ao contrário de vizinhos que têm acesso ao mar. Por isso, a solução encontrada pelo bloco para punir Moscou pela guerra na Ucrânia, e reduzir uma fonte de receita que alimenta o conflito, foi sancionar o produto russo transportado por navios.

O acordo negociado prevê que cada Estado-membro poderá decidir sobre o abastecimento por oleoduto, mas a maioria dos 27, incluindo a Alemanha e a Polônia, anunciaram que também deixarão de receber o petróleo russo enviado por oleoduto.

Entrevistado pelos jornais Le Monde e Les Echos, o diretor de pesquisas no Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS), Francis Perrin, afirma que essas sanções representam um desafio para os europeus, mas não é mais impossível para a UE reduzir a dependência de Moscou.

Segundo o especialista, desde a invasão da Ucrânia, no final de fevereiro, até outubro, as exportações de petróleo russo já recuaram 40% e houve queda de 20% a 25% nos produtos refinados. No caso europeu, não é um embargo total, mas reduz o volume de importações em mais de 90% em comparação com o período anterior à guerra.

Dependência do diesel

Quando entrar em vigor o embargo ao diesel, em fevereiro, será bem mais complicado para os europeus. O bloco ainda importa grandes volumes do produto e carece de refinarias para a produção de derivados.


Os europeus, o G7 e a Austrália decidiram no fim de semana impor um teto de preço de US$ 60 por barril ao petróleo bruto russo. O valor foi definido de maneira a incentivar Moscou a continuar a extração do insumo. Excluídos os barris vendidos à Europa, a Rússia ainda exporta para o resto do mundo 5 milhões de barris de petróleo diariamente. Segundo analistas do setor, os europeus não querem que esse volume desapareça do mercado internacional. Se isso acontecesse, como ameaça Moscou em represália às sanções, haveria aumento de preços e maior pressão inflacionista na Europa.

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