Os Estados Unidos proibiram todas as transações com o Banco Central da Rússia, nesta segunda-feira (28), uma sanção de efeito imediato e tomada em coordenação com vários aliados, em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia, que tomou medidas para impedir a queda do rublo.
A decisão de Washington tem o efeito de imobilizar todos os ativos que o Banco Central da Rússia tem nos Estados Unidos, ou que estão nas mãos de cidadãos americanos”, anunciou o Departamento do Tesouro.
Washington emitiu a proibição antes da abertura dos mercados americanos e o Canadá seguiu seus passos.
Ligada a sanções similares adotadas por muitos aliados dos Estados Unidos, esta decisão limitará, severamente, a capacidade de Moscou de usar suas abundantes reservas de divisas para comprar rublos.
As operações para defender o rublo “não serão mais possíveis e a ‘fortaleza Rússia’ se encontra indefesa”, disse um funcionário de alto escalão do governo americano.
A mesma fonte considerou que essas sanções coordenadas vão deflagrar um “círculo vicioso” para a economia russa e antecipou: “A inflação certamente vai disparar, o poder aquisitivo entrará em colapso, os investimentos entrarão em colapso”.
“Nosso objetivo é garantir que a economia russa se contraia, enquanto o presidente Putin decidir seguir adiante com a invasão da Ucrânia”, acrescentou.
Ontem, os Estados Unidos também implementaram sanções contra o Fundo Russo de Investimento Direto, uma instituição financeira pública usada para arrecadar fundos no exterior e liderada por Kirill Dmitriev, um colaborador próximo do presidente Vladimir Putin.
“Este fundo e sua gestão são símbolos da profunda corrupção na Rússia e de seu tráfico de influências” no exterior, completou.
Putin chamou o Ocidente do “império da mentira” e tomou uma série de medidas para proteger o rublo.
Os residentes da Rússia não poderão mais transferir câmbio para o exterior e os exportadores serão forçados a converter 80% de sua renda obtida em moedas estrangeiras para rublos a partir de 1º de janeiro de 2022.
O rublo registrou mínimos históricos até se situar em 94,6 por dólar, abaixo dos 83,5 na última quarta-feira.
Para defender sua economia e moeda contra as sanções do Ocidente, o BC russo elevou sua taxa básica de juros de 9,5% para 20% esta manhã. A Bolsa de Moscou permaneceu fechada.
E a cotação de empresas russas em Wall Street foi suspensa por razões regulatórias, informaram a Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) e a Nasdaq. As suspensões, que não são sanções, podem ser de curta ou longa duração.
Mínimos históricos do rublo
A Rússia dispunha de US$ 643 bilhões em reservas no fim da semana passada, de acordo com dados oficiais, um nível elevado atingido com o acúmulo de receita com as vendas de petróleo e gás.
Não se sabe qual porcentagem dessas reservas é em dólares americanos.
“É uma sanção sem precedentes”, reagiu Eddie Fishman, especialista do “think tank” americano Atlantic Council, no Twitter, já que o Banco Central russo não pode mais vender mais reservas.
Fishman ressaltou que as grandes empresas estatais russas também têm reservas.
“Se for necessário intensificar as sanções, é um fator a ser observado”, acrescentou.
As novas restrições adotadas pelos Estados Unidos e por seus aliados têm como objetivo limitar a capacidade da Rússia de sustentar sua moeda, enfraquecida pelas sanções impostas ao seu setor financeiro após a invasão.
Para Serguei Khestanov, assessor macroeconômico da Open Broker, a Rússia ainda tem espaço. “Enquanto não houver sanções reais às exportações russas, especialmente petróleo e gás, não haverá catástrofe”, disse ele, embora “as pessoas, é claro, sintam” os efeitos. Alguns russos já estão tirando suas economias do banco.
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