FBI fez relatório apontando ‘ameaças de guerra’ um dia antes da invasão ao Capitólio

Publicação avaliada pelo órgão pedia 'derramamento de sangue'. FBI negava conhecimento prévio dos planos dos extremistas

Foto: Tasos Katopodis/Getty Images/AFP

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O escritório do FBI, órgão de inteligência do governo dos Estados Unidos, em Norfolk, Virginia, produziu um relatório que apontava planos de “guerra” por parte de militantes de extrema direita um dia antes dos ataques ao Capitólio, em Washington, na quarta-feira 6.

 

 

As informações do relatório foram reveladas nesta terça-feira 12 pelo jornal The Washington Post e contradizem a posição oficial do chefe do FBI em Washington, Steven D’Antuono, que afirmou que não existiam evidências de que os apoiadores do presidente Donald Trump planejavam um ataque à sede do Legislativo do país.

O FBI considerou que as expressões de ódio estavam “asseguradas” pela liberdade de expressão, protegidas pela Primeira Emenda da Constituição norte-americana.


Uma das discussões entre os extremistas afirmava que todos deveriam “estar prontos para lutar”.

“O Congresso precisa ouvir os vidros se quebrando, as portas sendo arrombadas e o sangue de seus soldados do BLM [sigla para o movimento ‘Vidas Negras Importam’] e Pantifa [nome pejorativo para militantes antifacistas] sendo derramados. Sejam violentos. Parem de chamar isso de ‘marcha’, ‘convenção’ ou ‘protesto’. Estejam prontos para a guerra. Nós conseguiremos o nosso presidente ou morreremos. Nada mais fará alcançar esse objetivo”.

No relatório, há trocas de mensagens e publicações na internet com detalhes como um mapa de túneis do Capitólio e possíveis pontos de encontro entre os conspiradores nos estados de Pensilvânia, Massachusetts e Carolina do Sul.

De acordo com o jornal e com fontes do órgão que não se identificaram, as informações coletadas foram enviadas ao escritório do FBI em Washington um dia antes da invasão.

O FBI tem sido pressionado por não se antecipar aos planos dos extremistas, que, por muitas vezes, são publicados nas redes sociais. Um agente afirmou ao Washington Post que o que está sob questionamento não é a eficácia do serviço da agência, mas o que se fazer com as informações coletadas.

A invasão ao Capitólio terminou com cinco mortes e dezenas de feridos.

 

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