Quando se tornou primeira-ministra da Itália, em outubro de 2022, Giorgia Meloni parecia o pior pesadelo de Bruxelas. Até então, a impetuosa líder do Irmãos da Itália, um partido com raízes neofascistas, parecia tudo menos amiga da União Europeia. Durante anos, os protestos contra o bloco foram as fichas de jogo de Meloni: o euro equivalia à escravatura, a Comissão Europeia era efetivamente um agiota. “Derrubem esta UE”, ela pediu na conferência conservadora CPAC de 2019, nos Estados Unidos.
Quando assumiu o cargo, no Palazzo Chigi, os partidos de extrema-direita de toda a Europa saudaram sua vitória, à espera de que a nova líder em Roma promovesse a agenda nacionalista e se somasse a nomes como Viktor Orbán, da Hungria, na luta contra a burocracia de Bruxelas. Para surpresa de muitos, Meloni não fez isso. A nova primeira-ministra italiana provou, ao menos superficialmente, ser uma europeia construtiva, em parte pelo fato de a Itália precisar de bilhões em fundos de recuperação da UE após a Covid-19, e em parte (talvez) por pretender disputar um jogo mais longo.
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