Mundo

G7 reforça apoio à Ucrânia com empréstimo de US$ 50 bilhões

A operação terá como garantia os juros gerados pelos ativos russos congelados por países ocidentais

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Foto: Filippo Monteforte/AFP
Apoie Siga-nos no

Os países do G7 reafirmaram nesta quinta-feira 13 seu apoio à Ucrânia com o anúncio de um empréstimo de 50 bilhões de dólares (cerca de 270 bilhões de reais) para frear a ofensiva russa, ao mesmo tempo em que Washington se comprometeu a apoiar Kiev com um plano de segurança para os próximos dez anos.

“Confirmo a vocês que chegamos a um acordo político para oferecer um apoio financeiro adicional à Ucrânia de aproximadamente 50 bilhões de dólares até o final deste ano”, disse a primeira-ministra italiana Georgia Meloni, cujo país é o anfitrião da cúpula do G7 que está sendo realizada no sul da Itália.

Meloni havia convidado o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a se juntar a uma sessão especial dedicada à guerra da Ucrânia, na presença do chefe de Estado americano, Joe Biden, e dos líderes de França (Emmanuel Macron), Alemanha (Olaf Scholz), Canadá (Justin Trudeau), Japão (Fumio Kishida) e Reino Unido (Rishi Sunak).

A União Europeia também participa das discussões, que neste ano acontecem no luxuoso resort de Borgo Egnazia, na região da Apúlia, como oitavo membro informal deste grupo que reúne as democracias mais ricas do mundo.

Empréstimo com incógnitas

O empréstimo de 50 bilhões de dólares anunciado pelo G7 usará como garantia os juros gerados pelos cerca de 300 bilhões de euros (cerca de 1,74 trilhão de reais) em ativos russos congelados pelos aliados ocidentais após a invasão de fevereiro de 2022.

Mas se trata de uma operação financeira complexa e ainda não se sabe o que aconteceria se os ativos russos fossem liberados, em caso de um acordo hipotético com a Rússia, ou quem assumiria o risco em caso de inadimplência.

Um alto funcionário do governo Biden informou nesta quinta-feira que os Estados Unidos estão dispostos a fornecer até 50 bilhões, mas que sua contribuição poderia ser “significativamente menor”, se acabar se tornando uma iniciativa compartilhada.

“Não seremos os únicos credores. Será um sindicato de credores. Vamos compartilhar o risco, porque temos um compromisso compartilhado”, disse o funcionário, que falou sob condição de anonimato.

Pressão sobre o Hamas por uma trégua

Paralelamente, o G7 solicitou oficialmente ao movimento islamista palestino Hamas que aceite a rota para um cessar-fogo em Gaza anunciada em maio por Biden.

Segundo o presidente dos Estados Unidos, o Hamas continua sendo “o principal obstáculo” para alcançar um acordo na Faixa de Gaza que permita declarar um cessar-fogo e liberar os reféns nas mãos do movimento palestino.

Em maio, Biden lançou um plano, apoiado pelo Conselho de Segurança da ONU, para colocar fim a esta guerra, que foi desencadeada pelo sangrento ataque do Hamas ao território israelense em 7 de outubro e deixou dezenas de milhares de mortos no território palestino.

A cúpula continuará na sexta-feira com a chegada de convidados que não fazem parte do grupo, incluindo os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Javier Milei.

Milei tem em sua agenda reuniões bilaterais com Meloni e o presidente francês, assim como com a diretora do Fundo Monetário Internacional e o do Banco Mundial.

Também viajará para Apúlia o Papa Francisco, de 87 anos, não apenas como líder espiritual, mas também para dar uma palestra sobre inteligência artificial e “algorética” (ética dos algoritmos), uma questão que preocupa o Vaticano.

O pontífice também tem previsto um encontro privado com Lula.

A reunião de cúpula acontece 60 quilômetros ao sul de Bari, a capital regional, no complexo hoteleiro que imita a arquitetura italiana como se fosse um parque temático. Este é o resort favorito de Madonna em suas viagens à Itália, e também de alguns astros de Hollywood.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo