Governo talibã reduz salários de funcionárias públicas no Afeganistão

Mulheres que atuam nos erviço público foram forçadas a ficar em casa pelos talibãs

Trabalhadora dos serviços de saúde durante campanha de vacinação no Afeganistão; funcionárias de serviços administrativos foram mandadas para casa - Foto: Mohsen Karimi / AFP

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Os salários das mulheres afegãs empregadas no serviço público, e forçadas pelas autoridades talibãs a ficar em casa, foram significativamente reduzidos, anunciou o Ministério das Finanças afegão nesta segunda-feira 8.

Após o seu retorno ao poder no Afeganistão, em agosto de 2021, os talibãs forçaram as funcionárias públicas a ficar em casa, mas continuaram pagando-lhes um salário, mesmo que não trabalhassem mais.

“Os salários das mulheres que não vão ao trabalho passarão para 5.000 afeganis”, 70 dólares ou 384 reais, anunciou à AFP Ahmad Wali Haqmal, porta-voz do Ministério das Finanças, e acrescentou que a medida entra em vigor a partir deste mês.

O salário das mulheres que puderam continuar trabalhando em setores como a saúde ou algumas escolas não mudou.

Os empregos administrativos nos ministérios podiam ser retribuídos com cerca de 20 mil afeganis por mês (281 dólares ou 1.544 reais), mas muitos foram reduzidos para 15 mil afeganis pelo governo talibã.

Algumas mulheres conseguiam ganhar uma média de 35 mil afeganis por mês (492 dólares ou 2.704 reais), como as professoras do ensino superior, que foram expulsas das universidades.


Uma mulher afegã de 25 anos que trabalhava para o Ministério da Informação e Cultura disse à AFP, sob condição de anonimato, que o seu salário de 10 mil afeganis (140 dólares ou 769 reais) por mês seria reduzido pela metade.

“Obrigar as mulheres a ficar em casa já é um grande problema, estamos em um mau estado psicológico. Agora que os nossos salários vão diminuir, vai ser pior”, declarou.

Desde a criação do Emirado Islâmico em agosto de 2021, os talibãs adotaram inúmeras medidas liberticidas contra as mulheres em nome da lei islâmica, uma política denunciada como “apartheid de gênero” pela ONU.

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