Mundo

Ilan Goldfajn : BID será presidido pela primeira vez por um brasileiro

Ilan Goldfajn planeja se concentrar no combate à pobreza e à mudança climática em um cenário de crise econômica mundial

Créditos: Sergio LIMA / AFP
Apoie Siga-nos no

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) elegeu como presidente neste domingo 20 o brasileiro Ilan Goldfajn, que planeja se concentrar no combate à pobreza e à mudança climática em um cenário de crise econômica mundial.

“Pela primeira vez na história, o BID será presidido por um brasileiro. Ilan Goldfajn acaba de ser eleito com 80% dos votos”, tuitou o Ministério da Economia.

O poder de voto de cada país varia em função do número de ações. Os três principais contribuintes do BID são Estados Unidos (30% do capital), Brasil e Argentina (11,4% cada).

A Argentina retirou sua candidata Cecilia Todesca Bocco, de modo que, além do brasileiro, ficaram apenas o mexicano Gerardo Esquivel (8,21% dos votos), o chileno Nicolás Eyzaguirre (9,93%) e o de Trinidad e Tobago, Gerard Johnson (1,61%).

O governo de Joe Biden parabenizou o brasileiro por sua nomeação como presidente do BID, que “desempenha um papel vital na promoção do bem-estar econômico, social e ambiental da América Latina e do Caribe”, disse o Departamento do Tesouro em nota.

“Os Estados Unidos esperam trabalhar com o presidente Goldfajn para implementar o conjunto de reformas que os acionistas estabeleceram para impulsionar o desenvolvimento sustentável, inclusivo e resiliente, crescimento liderado pelo setor privado, ambição climática e melhorar a eficácia institucional do BID”, acrescentou.

As prioridades de Goldfajn para os próximos cinco anos como presidente são a luta contra a pobreza e a mudança climática, juntamente com o investimento em infraestrutura, disse ele esta semana em entrevista à AFP.

“O próximo presidente vai ter que enfrentar um BID de moral baixa, com muitos conflitos, muito mais ideológico, que precisa ser reenergizado”, mas “isso é um desafio e uma oportunidade”, disse à AFP.

“Será preciso trabalhar com pessoas que vêm de um período muito conflituoso”, antecipou. Goldfajn substitui o americano Mauricio Claver-Carone, destituído por burlar as regras ao favorecer uma funcionária com quem mantinha um relacionamento romântico e cujo mandato esteve cercado por polêmicas.

Goldfajn, de 56 anos, quer transformar O BID na organização multilateral mais importante da região” e considera fundamental que o presidente seja “independente, não partidário”.

Embora seu nome soasse como favorito desde que se candidatou ao cargo, não se sabia se ele tinha a aprovação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva desde que foi indicado pelo presidente em fim de mandato Jair Bolsonaro.

“Não há ninguém no Brasil que se oponha a meu nome”, garantiu há três dias Goldfajn, que até agora dirigia o departamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a América Latina, cargo que permanece vago e de grande importância para a região.

Liderança

A instituição criada em 1959 também deve otimizar os recursos que já possui antes de aumentar o capital e recuperar a liderança, porque tempos difíceis se aproximam e não se sabe por quanto tempo, com uma inflação crescente impulsionada pela guerra na Ucrânia, o aumento das taxas de juros e uma desaceleração econômica global que ameaça minar a recuperação pós-pandemia.

Apesar dos ventos contrários, o próximo presidente encontrará uma região com “enormes oportunidades nas áreas de transformação digital, desenvolvimento inclusivo, sustentabilidade e muito mais”, disse na sexta-feira Jason Marczak, diretor do Centro Adrienne Arsht para América Latina, do Atlantic Council.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo