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Investigação implica Rússia em queda de avião

Especialistas concluem que projétil levado de território russo para o leste ucraniano derrubou aeronave em 2014. Kremlin nega responsabilidade

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O voo MH17 da Malaysia Airlines, derrubado no leste da Ucrânia há dois anos, foi alvo de um míssil levado da Rússia para o território controlado por rebeldes separatistas, afirmaram investigadores internacionais nesta quarta-feira (28).

“Com base na investigação criminal, concluímos que o voo MH17 foi derrubado por um míssil 9M83 lançado de um [sistema de defesa antiaéreo] Buk, que veio do território da Federação Russa”, disse Wilbert Paulissen, chefe da polícia holandesa, a qual liderou as investigações. Após o lançamento, o projétil teria retornado para a Rússia.

Paulissen afirmou que interceptações de comunicações mostraram que rebeldes pró-Rússia haviam requisitado o sistema de defesa e relataram a chegada deste às regiões controladas por eles no leste ucraniano. Segundo ele, cerca de 100 pessoas estão a ser investigadas por suspeita de envolvimento na queda do avião.

O voo MH17 partiu no dia 17 de julho de 2014 de Amsterdã com destino a Kuala Lumpur. Todas as 298 pessoas a bordo morreram após o avião ser atingido pelo míssil, sendo a maioria dos passageiros holandeses.

Evidências sólidas
Em outubro do ano passado, uma investigação separada conduzida Conselho de Segurança Holandês (OVV) já havia concluído que uma arma de fabricação russa, disparada da região controlada por rebeldes pró-Rússia no leste da Ucrânia, causou a queda do MH17.

Segundo o porta-voz da polícia holandesa Thomas Aling, as conclusões da investigação internacional diferem das da OVV pois elas foram concebidas de modo a terem solidez o suficiente para serem usadas como evidência num processo criminal. Ainda não foi determinado quando e onde um julgamento será realizado, disse Aling.

Além de autoridades policiais e judiciais holandesas, a equipe internacional que se debruçou sobre o caso durante mais de dois anos reniu investigadores da Austrália, da Bélgica, da Malásia e da Ucrânia.

No próprio dia da queda, surgiram suspeitas de que um míssil de um sistema Buk poderia ter atingido a aeronave. Buracos na cabine dos pilotos e na fuselagem dianteira foram tidos como indícios claros.

Rússia nega
A Rússia nega veementemente alegações de que rebeldes pró-Rússia foram responsáveis pelo desastre. Nesta segunda-feira, as Forças Armadas russas afirmaram ter novos dados de radiolocalização que mostram que o míssil que derrubou o Boeing 777 da Malaysia Airlines não foi disparado a partir do território controlado pelos rebeldes.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reiterou tal afirmação nesta quarta-feira, antes da divulgação dos resultados das investigações. “Se houve um míssil, ele só pode ter sido disparado de uma área diferente [da controlada pelos separatistas]”, afirmou.

Devido aos conflitos entre tropas do governo e rebeldes separatistas, em 1° de julho de 2014, poucos dias antes da queda do avião, Kiev bloqueou o espaço aéreo do sudeste do país. Sem permissão especial, aviões civis só podiam sobrevoar a região em altitudes acima de oito quilômetros. Ao contrário de outras companhias aéreas, a Malaysia Airline optou por continuar sobrevoando a região. Mas ela não era a única empresa que decidiu assim. Na semana anterior ao desastre, cerca de 900 outros voos regulares passaram pela região.

A Malásia propôs que um tribunal internacional especial julgasse os responsáveis pela queda do MH17, mas a Rússia vetou uma resolução do Conselho de Segurança da ONU nesse sentido.

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