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Israel e Hamas são incluídos em ‘lista da vergonha’ da ONU

Lista inclui casos de crianças mortas e mutiladas, recrutadas, sequestradas ou abusadas sexualmente

Militares de Israel na Cisjordânia. Foto: HAZEM BADER / AFP
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Israel foi notificado nesta sexta-feira 7 sobre a sua inclusão na “lista da vergonha” da ONU sobre violações dos direitos das crianças durante conflitos, na qual também vão figurar os movimentos Hamas e Jihad Islâmica, indicaram fontes diplomáticas.

O secretário-geral da ONU publica um relatório anual que lista as violações dos direitos das crianças em cerca de 20 zonas de conflito em todo o mundo e identifica em um anexo os responsáveis por essas violações, a chamada “lista da vergonha”, que inclui casos de crianças mortas e mutiladas, recrutadas, sequestradas ou abusadas sexualmente.

Embora o próximo relatório deva ser divulgado até o fim de junho, o embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, anunciou que o chefe de gabinete do secretário-geral o notificou sobre a inclusão de Israel na lista.

“Estou profundamente chocado e enojado com essa decisão vergonhosa do secretário-geral”, diz Erdan em um vídeo de uma ligação telefônica que postou em sua conta na rede social X. “É uma decisão imoral, que ajuda o terrorismo e recompensa o Hamas”, acrescentou.

“Hoje, a própria ONU incluiu a si mesma na lista negra da História”, reagiu no X o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. “Vocês sabem que o Exército israelense é o exército mais moral do mundo”, também disse Erdan.

O porta-voz de Guterres confirmou ter conversado com o embaixador israelense em uma habitual “ligação de cortesia” quando um país é incluído na lista. Uma fonte diplomática disse à AFP que o Hamas e a Jihad Islâmica, outro movimento armado palestino, também vão ser incluídos no documento.

‘Completamente justificado’

No ano passado, as Forças Armadas russas e os grupos armados “afiliados” a Moscou foram incluídos na “lista da vergonha” da ONU. No entanto, esse não foi o caso de Israel, para grande desânimo das organizações de direitos humanos que há anos pedem a sua inclusão.

“É algo completamente justificado” a inclusão de Israel neste ano, “ainda que isso devesse ter sido feito há muito tempo, como também as do Hamas e de outros grupos palestinos, disse à AFP Louis Charbonneau, da Human Rights Watch.

A ONU alertou em seu relatório de 2022 que Israel seria adicionado à lista se não houvesse nenhuma melhora.

O relatório do ano passado observou “uma redução significativa do número de crianças mortas pelas forças israelenses, inclusive em ataques aéreos”, entre 2021 e 2022. Mas a guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada em 7 de outubro por um ataque sem precedentes do Hamas contra Israel – que matou 1.194 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses – mudou a situação.

Em resposta ao ataque de 7 de outubro, o Exército israelense lançou uma ofensiva mortal na Faixa de Gaza. Pelo menos 36.731 palestinos, a maioria mulheres e crianças, foram mortos, de acordo com o último relatório divulgado na sexta-feira pelo Ministério da Saúde de Gaza.

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