Julgamento pela morte de George Floyd começa nos EUA

O ex-policial de Minneapolis enfrenta duas acusações, uma por homicídio em segundo grau e outra por homicídio culposo

Enterro de George Floyd, em Houston. Foto: AFP

Apoie Siga-nos no

O esperado processo contra o ex-policial branco Derek Chauvin, acusado de assassinar o negro americano George Floyd, começou nesta terça-feira 9 com a escolha dos jurados, nove meses após o incidente que provocou intenso debate sobre as desigualdades raciais nos Estados Unidos e no mundo.

 

 

O ex-policial de Minneapolis enfrenta duas acusações, uma por homicídio em segundo grau e outra por homicídio culposo, na morte de Floyd em 25 de maio.

O processo deveria começar na segunda-feira, mas foi adiado porque a promotoria quer acrescentar uma terceira acusação, a de homicídio em terceiro grau.


O juiz que presidiu a audiência, Peter Cahill, decidiu dar continuidade ao processo nesta terça-feira.

Assassinato em segundo grau acarreta pena máxima de 40 anos de prisão, enquanto homicídio em terceiro grau acarreta 25 anos.

O processo seletivo pode durar cerca de três semanas e estima-se que as discussões iniciais possam começar no dia 29 de março.

Chauvin, de 44 anos, foi expulso da polícia depois que o vídeo de um transeunte o mostrou esmagando o pescoço de Floyd com o joelho por quase nove minutos.

O agente, que foi libertado sob fiança, compareceu ao tribunal nesta terça em um terno cinza e uma máscara preta, ficando em pé atrás de uma tela de acrílico instalada como medida de proteção contra a Covid-19.

 

Feridas raciais

A morte de George Floyd reabriu as feridas raciais nos Estados Unidos e desencadeou meses de violentos protestos contra o racismo e a brutalidade policial tanto no país, como no mundo.

Os advogados das duas partes têm a difícil tarefa de encontrar júris que não tenham uma postura definida sobre o caso ou não o conheçam.

Três outros policiais envolvidos na prisão de Floyd, Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao, enfrentam acusações menores e serão julgados separadamente.

Os quatro foram demitidos da polícia de Minneapolis.

A prisão de Floyd no meio da rua ocorreu após acusações de que ele teria tentando pagar uma compra em um loja próxima com uma nota falsa de vinte dólares.

O julgamento de Chauvin é considerado um possível marco em um país que recentemente elegeu sua primeira vice-presidente negra mas que, historicamente, viu policiais se livrando da condenações atos abusivos.


Devido à pandemia e as normas de distanciamento social, poucas pessoas estarão presentes no tribunal. As famílias Floyd e Chauvin podem ser representadas por apenas uma pessoa em cada audiência.

Apesar do interesse mundial, apenas dois repórteres poderão estar presentes. O julgamento será transmitido ao vivo online.

A defesa de Chauvin, que estava na polícia há 19 anos, alega que ele seguiu os procedimentos estabelecidos e afirma que Floyd morreu de overdose de fentanil.

“Chauvin agiu de acordo com a política do MPD (Departamento de Polícia de Minneapolis), com seu treinamento e dentro de suas obrigações”, disse seu advogado, Eric Nelson.

“Ele fez exatamente o que foi ensinado a fazer”, acrescentou.

A autópsia de Chauvin encontrou traços de fentanil no corpo de Floyd, mas o relatório diz que a morte foi por “compressão do pescoço”.

Não é esperado um veredito antes do final de abril.

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.