Mundo

Justiça alemã inicia julgamento de suspeitos de planejar golpe de Estado

O grupo conspiracionista de extrema-direita planejava invadir o Bundestag de Berlim, prender os deputados e derrubar o atual governo

O grupo extremista planejava colocar o aristocrata e empresário Heinrich XIII, de 72 anos, chamado de Príncipe Reuss, à frente da Alemanha de forma provisória após o golpe de Estado. Foto: Boris Roessler / POOL / AFP
Apoie Siga-nos no

Um príncipe, vários ex-oficiais do Exército e uma ex-deputada de extrema-direita, líderes de uma célula que supostamente pretendia organizar um golpe de Estado, começam a ser julgados nesta terça-feira (21) em um tribunal em Frankfurt, no oeste da Alemanha.

O processo, sem precedentes na história recente da Alemanha, é o segundo vinculado ao caso, revelado em 2022 e que envolve 26 suspeitos.

Entre os nove acusados de Frankfurt estão os supostos cérebros do grupo conspiracionista de extrema-direita, que planejava invadir o Bundestag de Berlim, prender os deputados e derrubar o governo.

A maioria é acusada de “participação em grupo terrorista com o objetivo de eliminar à força a ordem estatal” e de “preparação de um ato de alta traição”.

Entre os processados está o aristocrata e empresário Heinrich XIII, de 72 anos, chamado de Príncipe Reuss e descendente de uma família nobre do estado da Thuringia. Os conspiradores planejavam colocá-lo à frente do país de forma provisória após o golpe.

Outro julgado em Frankfurt é Rüdiger von Pescatore, um ex-tenente-coronel do Exército alemão de 70 anos, suspeito de ser um dos fundadores do grupo.

A juíza Birgit Malsack-Winkemann, 56 anos, ex-deputada do partido de extrema-direita AfD, também está entre os processados.

Os membros do grupo estão em prisão provisória desde dezembro de 2022. Eles são adeptos da ideologia dos “Reichsbürger” (cidadãos do Reich), um movimento heterogêneo que nega a legitimidade da República Federal da Alemanha.

Segundo o Ministério Público Federal, os réus alegam que o país está dominado por uma “seita de elites pedófilas”. Uma ideologia que lembra o movimento de teoria da conspiração QAnon nos Estados Unidos.

A rede tinha quase 500.000 euros a sua disposição, assim como um “arsenal de quase 380 armas de fogo, quase 350 armas brancas, 500 armas (de outro tipo) e ao menos 148.000 munições”, segundo os investigadores.

Nos últimos dois anos, a Alemanha desmantelou várias redes, incluindo uma que planejava sequestrar o ministro da Saúde devido às restrições impostas contra a pandemia de covid-19.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo