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Legisladores avaliam convocar eleições judiciais em meio à crise na Bolívia

Comissão interpartidária se reúne na sede da vice-presidência para discutir a convocação de eleições para renovar os altos tribunais

Apoiadores de Evo Morales realizam protestos para exigir a renúncia dos juízes que desqualificaram a candidatura do político para as eleições de 2025. Foto: Pablo Rivera/AFP
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Legisladores governistas e opositores da Bolívia começaram a estudar, nesta terça-feira 30, um projeto de lei para convocar a eleição popular de novos juízes em um contexto de protestos contra os magistrados que vetaram a candidatura presidencial do ex-mandatário Evo Morales para as eleições de 2025.

Uma comissão interpartidária se reúne na sede da vice-presidência para discutir a convocação de eleições para renovar os altos tribunais e tentar desarmar as manifestações dos apoiadores de Morales, que completam nove dias.

“Começa a reunião da Comissão Bicameral Multipartidária para as Eleições Judiciais”, afirmou a vice-presidência na rede X.

As forças políticas concordaram em ajustar uma proposta até a quinta-feira para levá-la em seguida ao plenário do Congresso.

No fim do ano passado, o Tribunal Constitucional prorrogou os mandatos das maiores autoridades judiciais diante da falta de um acordo no Congresso para convocar eleições devido às divisões dentro do Movimento ao Socialismo (MAS), que domina as duas Câmaras.

Essa mesma corte emitiu nos últimos dias uma sentença que inabilitou Morales como candidato à Presidência, argumentando, entre outras razões, que o ex-presidente já foi reeleito as duas vezes que a Constituição permite.

Incomodados com a decisão, os cocaleiros e outras organizações camponesas alinhadas a Morales iniciaram, em 22 de janeiro, o bloqueio de rodovias para exigir a renúncia dos juízes constitucionais e a convocação de eleições.

Segundo analistas, Morales pretende que um novo tribunal reverta a sentença e finalmente dê luz verde às suas aspirações.

Bloqueios em 36 pontos interromperam a comunicação entre o leste e o oeste da Bolívia e causam desabastecimento de produtos básicos em cidades como La Paz.

Além disso, 32 policiais ficaram feridos em confrontos nas rodovias e 21 manifestantes foram detidos com explosivos.

Os prejuízos passam de US$ 500 milhões (R$ 2,48 bilhões, na cotação atual), segundo o Ministério da Economia.

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