Manifestações antigoverno no Quênia deixam ao menos 5 mortos

População se opõe a um projeto de orçamento para 2024-2025 que prevê a instituição de novos impostos

Manifestações antigoverno no Quênia. Foto: Luis Tato/AFP

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Pelo menos cinco pessoas morreram e 31 ficaram feridas nesta terça-feira 24 no Quênia durante protestos contra um projeto de aumento de impostos que resultaram em confrontos na capital Nairóbi, quando manifestantes invadiram a sede do Parlamento.

“Pelo menos cinco pessoas morreram (…). Trinta e uma ficaram feridas”, afirmaram várias ONGs, incluindo a Anistia Internacional, sem especificar as cidades onde ocorreram os incidentes.

Anteriormente, a ONG queniana Comissão de Direitos Humanos havia afirmado na rede social X que a polícia “atirou em quatro manifestantes, […] matando um deles” em Nairóbi.

Os incidentes se desencadearam nesta terça no centro financeiro da capital, onde ocorria a terceira manifestação em oito dias do movimento “Occupy Parliament” (Ocupar o Parlamento), que se opõe a um projeto de orçamento para 2024-2025 que prevê a instituição de novos impostos.

Os primeiros confrontos eclodiram ao meio-dia depois que os manifestantes avançaram em uma área que abriga vários prédios governamentais, incluindo o Parlamento, o Supremo Tribunal e a prefeitura de Nairóbi.

Os manifestantes romperam o cordão de isolamento policial para entrar na sede do Legislativo, onde os deputados aprovaram emendas ao texto, que deve ser votado antes de 30 de junho.


Jornalistas da AFP presentes no local viram três corpos inertes no chão entre poças de sangue.

“Estamos cansados”

Outras manifestações ocorreram em diferentes cidades do país, de acordo com a mídia local.

O movimento “Occupy Parliament” surgiu nas redes sociais após a apresentação em 13 de junho do projeto de orçamento para 2024-2025, que prevê a instituição de novos impostos, incluindo um IVA de 16% sobre o pão e uma taxa anual de 2,5% para veículos particulares.

O governo anunciou em 18 de junho a retirada da maioria das medidas, mas o movimento exige a eliminação total do texto.

Inicialmente liderado pela “Geração Z” (pessoas nascidas após 1997), o movimento se transformou em um protesto mais amplo contra a política do presidente William Ruto, que se mostrou disposto a dialogar.

“Ruto nunca cumpriu suas promessas […] Estamos cansados. Que ele vá embora”, declarou Stephanie Wangari, desempregada de 24 anos.

Antes desta terça-feira, outras duas pessoas haviam morrido em Nairobi durante os protestos e várias dezenas ficaram feridas.

O Quênia, um país do leste da África com cerca de 52 milhões de habitantes, é um motor econômico na região.

No entanto, o país registrou uma inflação de 5,1% ao ano em maio, com aumentos nos preços de alimentos e combustíveis de 6,2% e 7,8%, respectivamente, segundo o Banco Central.

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