Manifestantes em Jerusalém chamam Netanyahu de ‘traidor’ e pedem ‘eleições já’ em Israel

Atualmente, o chefe de governo, submetido a forte pressão internacional, proclama sua intenção de lançar uma operação terrestre em Rafah, no sul da Faixa, em sua campanha para derrotar o Hamas

Protesto em Jerusalém, em 2 de abril de 2024. Foto: Ahmad Gharabli/AFP

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Milhares de israelenses, entre eles vários familiares de reféns sequestrados em Gaza, voltaram a exigir, nesta terça-feira (2), em Jerusalém, a renúncia do primeiro-ministro ultranacionalista Benjamin Netanyahu, a quem acusam de ter “traído” a confiança popular.

“O senhor está em campanha contra mim, contra as famílias dos reféns, se colocou contra nós. O senhor nos chama de ‘traidores’, quando o senhor é o traidor, um traidor de seu povo, de seus eleitores, do Estado de Israel”, proclamou, com um microfone na mão, uma das manifestantes, Einav Zangauker.

Seu filho, Matan, é um dos reféns em poder do Hamas desde a incursão letal de milicianos islamistas no sul do território israelense, em 7 de outubro, que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza.

“O senhor tem a responsabilidade pelo 7 de outubro de todas as formas possíveis, o senhor é um obstáculo para um acordo sobre os reféns, o senhor não nos deixa opção, tem que ir embora. E nós vamos continuar perseguindo-o e o senhor não terá dias, nem noites enquanto meu filho, Matan, não tiver dias, nem noites”, prosseguiu a oradora durante o quarto protesto desde o sábado em frente à Knesset, o Parlamento israelense.

Durante o ato, o ex-primeiro-ministro trabalhista Ehud Barak pediu a realização de “eleições já”, uma possibilidade que Netanyahu, que durante muito tempo se apresentou como o único dirigente capaz de garantir a segurança de Israel, até agora descartou taxativamente.

Atualmente, o chefe de governo, submetido a forte pressão internacional, proclama sua intenção de lançar uma operação terrestre em Rafah, no sul da Faixa, em sua campanha implacável para derrotar o Hamas.


Para Barak, Israel não pode esperar o cumprimento destes objetivos para convocar eleições.

“A entrada em Rafah ocorrerá dentro de algumas semanas, mas a eliminação do Hamas, dentro de alguns meses, e até então todos os reféns vão voltar em caixões”, disse.

Ele considerou, ainda, que “o Hamas pode ser esmagado inclusive se a libertação de reféns envolver um cessar-fogo”.

A guerra entre Israel e Hamas teve início em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram 1.160 pessoas, a maioria civis, em uma incursão sem precedentes no sul de Israel, segundo um balanço da AFP com base em dados israelenses.

Os comandos também fizeram cerca de 250 reféns. Aproximadamente 130 continuam em Gaza, dos quais 34 teriam morrido, de acordo com Israel.

Em retaliação, o Exército israelense lançou uma ofensiva para “aniquilar” o Hamas, que deixou até agora 32.916 mortos, também civis em sua maioria, de acordo com o balanço mais recente do Ministério da Saúde do Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007.

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