O gás que nos une. Putin esteve à disposição de Merkel em várias ocasiões. Schroeder preside o gasoduto Nord Stream, fonte de controvérsia - Imagem: Bertrand Guay/AFP e Paul Zinken/DPA/AFP
Depois que a guerra na Ucrânia fez o chanceler alemão, Olaf Scholz, dar uma meia-volta dramática sobre os credos de fé de seu país no pós-Guerra, a atenção passou a mudar para a sua antecessora, que conduziu a Alemanha por um caminho estratégico em direção à Rússia que se tornou um beco sem saída.
O conflito no Leste causou um abalo sísmico na Alemanha, onde Scholz deu meia-volta em uma posição restritiva sobre a exportação de armas, anunciou enormes aumentos nos gastos militares e prometeu libertar o país do gás russo. Desde então, todos os olhos estiveram sobre Gerhard Schröder, o ex-chanceler impenitente que em suas últimas semanas no poder apertou a mão de Vladimir Putin para ratificar o gasoduto Nord Stream sob o Mar Báltico. Semanas depois, Schröder passou tranquilamente pela porta giratória e tornou-se o presidente do Nord Stream. O consequente aumento da dependência alemã da energia russa, como admitem hoje políticos em Berlim, pode ter levado Putin a acreditar que a Alemanha estaria amarrada demais para apoiar sanções econômicas. Como um lobista pago da gigante de energia Gazprom, a motivação de Schröder é transparente: na sexta-feira 4, Scholz chamou seu colega de partido e ex-chefe para cortar os laços com as companhias estatais russas.
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