Migrantes celebram vitória de Biden na fronteira de México e EUA

'Esperamos que esta nova presidência realmente respeite os direitos humanos', afirma diretor do abrigo Iglesia Embajadores de Jesús

Manifestação em Tijuana após o anúncio da vitória de Joe Biden neste sábado 7. Foto: GUILLERMO ARIAS/AFP

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Com as bandeiras dos Estados Unidos e entusiasmo, ativistas e migrantes celebraram neste sábado 7 na cidade fronteiriça mexicana de Tijuana a vitória de Joe Biden como o novo presidente dos Estados Unidos, na esperança de que ele reverterá as políticas agressivas de imigração de Donald Trump.

 

 

“Celebramos o triunfo de Biden e a saída de Donald Trump”, disse o pastor Gustavo Banda, diretor do abrigo Iglesia Embajadores de Jesús em Tijuana, vizinho da americana San Diego, no estado mexicano de Baja California (noroeste).

Em Ciudad Juárez, na fronteira com o Texas e Novo México e cerca de 1.200 km a leste de Tijuana, diretores de abrigos e estrangeiros sem documentos celebraram vitória do democrata.


Acompanhado por adolescentes do Haiti e da América Central, Banda posicionou-se ao lado de uma das vias onde milhares de cidadãos ou residentes legais dos Estados Unidos cruzam diariamente de Tijuana a San Diego, Califórnia. Apoiadores de Biden agitaram bandeiras americanas e alguns motoristas juntaram-se à comemoração buzinando.

Uma jovem ativista pegou a bandeira, enrolou-a, amarrou-a no pulso direito e segurou-lhe a mão levantando-a na passagem da fronteira.

“Esperamos que esta nova presidência realmente respeite os direitos humanos”, disse Banda, cuja igreja abrigou centenas de migrantes haitianos que chegaram a Tijuana em 2017.

O pastor espera que com Biden “as famílias (que entram nos Estados Unidos irregularmente) não sejam mais separadas e que as crianças não fiquem mais enjauladas” nos centros de imigração dos Estados Unidos.

Em uma tentativa de conter o afluxo maciço de famílias da América Central à fronteira, o governo Trump permitiu que as crianças fossem separadas de seus pais.

Em Ciudad Juárez, Pedro Ruiz, um migrante cubano, expressou sua alegria à AFP. “Eu queria que Biden vencesse porque ele foi claro ao dizer que vai restaurar todo o sistema de refúgio”, disse o cubano de 51 anos por telefone.

Ruiz deixou seu país há quatro anos “devido à repressão política” e está há 19 meses no abrigo El Buen Samaritano em Ciudad Juárez.

Centenas de migrantes que residem nos 16 abrigos da cidade souberam dos resultados das eleições pela televisão ou pelo celular.

Muitos deles estão isolados desde março nessas residências devido à nova pandemia de coronavírus, explicaram seus gerentes.

Em janeiro de 2019, México e Washington selaram os Protocolos de Proteção ao Migrante, que estipula que os solicitantes de refúgio devem esperar no México para o processamento de seus pedidos nos Estados Unidos.

 

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